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Nota sobre tipos e espécimes de triatomíneos depositados na Coleção Entomológica do Instituto Butantan, São Paulo (Hemiptera:Reduviidae)

Ana Maria Marassá1 e José Maria Soares Barata2

1. Laboratório de Parasitoses Sistêmicas do Instituto Adolfo Lutz, 2. Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública São Paulo, SP, Brasil.

DOI: 10.1590/S0037-86822000000200013


Resumo Esta nota relata a descrição cronológica da Coleção Entomológica do Instituto Butantan e relaciona o registro de 343 espécimens e oito exemplares tipo pertencentes à Subfamilia Triatominae depositados nesta Coleção. São representados nesta listagem 5 espécies do Gênero Panstrongylus, 18 espécies de Triatoma, 2 espécies de Psamolestes e Rhodnius
Palavras-chaves: Hemiptera. Reduviidae. Triatominae. Tipos. Coleção entomológica.

Abstract A list of 8 type specimens belonging to the Subfamily Triatominaeis deposited in the Entomological Colection of the Instituto Butantan. This note reports a chronological description of the Collection including 343 specimens represented by 5 species of Panstrongylus, 18 species of Triatoma, 2 species of Psamolestes and Rhodnius
Key-words: Hemiptera. Reduviidae. Triatominae. Types. Entomological collection.

 

 

O Instituto Butantan, além de serpentes, desde 1912 recebe e registra, exemplares de triatomíneos de todo o Brasil. Deve-se este fato, particularmente, ao então diretor da Instituição, Prof. Dr. Vital Brazil, que através de comunicado aos fazendeiros do Estado de São Paulo, os fez conhecedores da importância deste assunto em Saúde Pública, os quais passaram então, a enviar aquele material à Instituição2. Por outro lado, este fato também está relacionado com o ingresso na Instituição, em 1911, de João Florêncio Gomes que além de trabalhar com sistemática de serpentes dedicava-se também ao estudo de triatomíneos vetores da Doença de Chagas. O comunicado de Vital Brazil parecendo extrapolar, naquela época, os limites do Estado, fez com que fossem recebidos exemplares de Panstrongylus megistus, Triatoma infestans, Triatoma sordida, Triatoma vitticeps, Triatoma brasiliensis Triatoma rubrovaria de diversas localidades do país e do Estado.

Em 1913, Neivaregistrou a primeira listagem de localidades do Estado de São Paulo com presença de Triatoma infestans e nesta listagem estão incluídos exemplares fornecidos pelo Instituto Butantan.

Em 1914, o pesquisador desta Instituição, João Florêncio Gomes em colaboração com Brumpt1 descreveu Triatoma chagasi nova espécie, cujos tipos encontram-se depositados nesta Coleção. Mais tarde, em 1931 esta espécie foi colocada por Cesar Pintoem sinonímia de Triatoma vitticeps (Stal, 1859). Posteriormente, outros autores depositaram os tipos de suas espécies também nesta Coleção (Tabela 1).

 

Tabela 1 – Relação de oito tipos de triatomíneos depositados na Coleção Entomológica do Instituto Butantan, SP.

 

Dando seqüência ao estudo de triatomíneos no Estado de São Paulo, Gomesem 1916 relatou a distribuição de 100 localidades neste estado com presença deste vetor. Neste trabalho, além do material recebido e inserido no acervo do Instituto Butantan, encontra-se a listagem de material recebido por eminentes especialistas da época, como A. Neiva, A. Carini, J. Maciel e T. Bayma, pertencentes ao Instituto Oswaldo Cruz, Instituto Pasteur e Instituto Bacteriológico de São Paulo, respectivamente.

Com o falecimento de Gomes, em 1918, ingressou na Instituição o malariologista, Alcides Prado que em 1928 iniciou a organização das coleções da Seção de Parasitologia. A partir de 1935, com a vinda de Flávio da Fonseca para o Instituto Butantan, maior ênfase foi dada aos estudos de Acarologia e Helmintologia, contudo o acervo de triatomíneos e dípteros foi conservado na coleção do Instituto Butantan.

Com a morte de Flávio da Fonseca, em 1963, a Seção de Parasitologia permaneceu fechada até 1969, quando o entomologista Lauro Pereira Travassos Filho foi convidado pela direção a ocupar o cargo de chefia dessa Seção. A partir deste momento, vários trabalhos são produzidos em colaboração, particularmente, com os pesquisadores I. Sherlock do Instituto Gonçalo Muniz de Salvador, J. Dobbin Jr. da Faculdade de Medicina de Pernambuco e E.A.B. Galvão do Instituto de Patologia Tropical de Goiânia. De todos esses colaboradores, L.P. Travassos Filho recebeu material de diversas localidades, quando foram também adquiridos os tipos de Triatoma williami Triatoma deanei, ambos procedentes de Piranhas, Estado de Goiás, bem como um exemplar macho da espécie anterior, procedente de Xavantina, Mato Grosso5. Ainda nesta fase foram adquiridos exemplares das espécies Panstrongylus lutzi, P. diasi, Triatoma sordida, T. brasiliensis, T. pseudomaculata, T. rubrofasciata, T. lenti, T. maculata, T. melanocephala e T. vitticeps procedentes de diversas localidades do Nordeste, Goiás, Minas Gerais e Espírito Santo, aumentando assim o número de exemplares deste acervo (Tabelas 2 e 3).

Atualmente, esta coleção conta com 343 exemplares da Tribo Triatomini, todos registrados, em boas condições de conservação, mantidos em gavetas dentro de armários de ferro, em sala fechada, com 4m x 3,5m em condições de temperatura, umidade e ventilação ambiente; embora esta instalação não esteja equipada com temperatura e umidade controlada, suas condições ambientais no momento, parecem adequadas. Este acervo comporta cinco espécies do gênero Panstrongylus, dezoito espécies de Triatoma, quatro espécies pertencentes à Tribo Rodniini sendo duas do gênero Rhodnius e duas do gênero Psamolestes.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Brumpt W, Gomes JF. Descrição de uma nova espécie de Triatoma (Triatoma chagasi) hospedeiro primitivo do Trypanosoma cruz Chagas, 1914. Annais Paulistas de Medicina e Cirurgia 3:73-77, 1914.         [ Links ]

2. Gomes JF. Triatomas e moléstia de Chagas no Estado de São Paulo. Coletânea de Trabalhos do Instituto Butantan 1901/17 1:401-426, 1916.         [ Links ]

3. Neiva A. Informações sobre a biologia da Vinchuga, Triatoma infestans Klug. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz 5:24-31, 1913.         [ Links ]

4. Pinto C. Valor do rostro e antenas na caracterização dos gêneros de Triatomídeos. Hemiptera, Reduvidioidea. Boletim Biológico, São Paulo 19:45-136, 1931.         [ Links ]

5. Travassos-Filho LP. Triatoma williami Galvão, Souza e Lima 1965, capturado em Mato Grosso, BR novo vector da moléstia de Chagas. Memórias do Instituto Butantan 36:263-266, 1972.         [ Links ]