Home » Volumes » Volume 32 July/August 1999 » Freqüência de colonização por Streptococcus agalactiae em gestantes da cidade do Salvador, Bahia

Freqüência de colonização por Streptococcus agalactiae em gestantes da cidade do Salvador, Bahia

Rosana Pellegrini

Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia

DOI: 10.1590/S0037-86821999000400019


Streptococcus agalactiae tem sido um dos principais agentes de infecção perinatal, sendo de 4,6% a 41% das gestantes portadoras, conforme a distribuição geográfica. Daí o objetivo de estimar a freqüência e descrever características epidemiológicas associadas à colonização por S. agalactiae em gestantes de serviços assistenciais da cidade do Salvador, Bahia. Esse estudo transversal foi realizado em gestantes atendidas nos Serviços de Pré-natal de três maternidades, durante o período de seis meses, e cultivado o S. agalactiae a partir de secreção vaginal e retal. O material foi semeado em meio seletivo, caldo de Todd-Hewitt, acrescentando ácido nalidíxico (15µg/ml) e sulfato de gentamicina (8µg/ml). Esse caldo foi, posteriormente, cultivado em placas de ágar-Columbia com 5% de sangue de carneiro e em seguida os estreptococos isolados foram testados por meio de provas morfotintoriais, bioquímicas e pesquisa do sorotipo. O S. agalactiae foi cultivado em 6,9% de 288 gestantes. Entre as portadoras (n = 20), a colonização vaginal foi detectada em 50% (n = 10) dos casos e colonização retal em 70% (n = 14), porém de 4 (20%) gestantes o S. agalactiae foi isolado de ambos os sítios. De 14 isolados, foi possível caracterizar o sorotipo (I: 4; II: 5 e III: 5), de outros 3 casos o sorotipo não foi grupado e de três não foi testado. Nenhuma diferença (p > 0,05) foi encontrada entre gestantes colonizadas e não-colonizadas com relação a idade, nível sócio-econômico, grupo racial e presença de doenças sexualmente transmissíveis. No entanto, as gestantes portadoras do S. agalactiae e com história de dois ou mais partos (40%) foram mais freqüentes (p < 0,02), do que as não-portadoras com a mesma história de paridade (18,3%). Em conclusão, a freqüência (6,9%) de gestantes colonizadas pelo S. agalactiae pode ser considerada significativa, porém as informações disponíveis, sobre as características epidemiológicas das portadoras versus às das não-portadoras, ainda são insuficientes e merecem no nosso meio investigação com outra abordagem metodológica, especialmente por meio de estudo de coorte.

 

Frequency of colonization by Streptococcus agalactiae in pregnant women in the city of Salvador, Bahia

Streptococcus agalactiae has been one of the main agents of perinatal infection, with 4.6% to 41% of pregnant women being carriers according to geographical distribution. Hence, the purpose of the present study was to estimate the frequency and to describe the epidemiological characteristics associated with colonization by S. agalactiae in pregnant women seen at public health institutions in the city of Salvador, Bahia. This transverse study was carried out on pregnant women seen at the Prenatal services of three maternity hospitals during a period of six months, from whose vaginal and rectal secretions S. agalactiae was cultured. The material was seeded in a selective medium, Todd-Hewitt liquid, supplemented with nalidixic acid (15µg/mg) and gentamicin sulfate (8µg/mg). This liquid was later cultured on Columbia-agar plates with 5% sheep blood, and the streptococci isolated were submitted to morphotinctorial, biochemical and serotyping tests. S. agalactiae was isolated from 6.9% of 288 pregnant women. Among carriers (n = 20), vaginal colonization was detected in 50% of cases (n = 10) and rectal colonization in 70% (n = 14), but S. agalactiae was isolated from both sites in 4 pregnant women (20%). It was possible to characterize the serotype of 14 isolates (1: 4; II: 5 and III: 5), but not of 3 others and the serotype was not tested in 3 other isolates. No difference (p > 0.05) was found between colonized and non-colonized pregnant women with regard to age, socioeconomic level, racial group or the presence of transmissible sexual diseases. However, the frequency of pregnant women with a history of two or more deliveries (40%) who were carriers of S. agalactiae was higher (p < 0.02) than that of women having the same parity (18.3%) who were not carriers. In conclusion, the frequency (6.9%) of pregnant women colonized by S. agalactiae can be considered significant, but the information available on the epidemiological characteristics of carriers versus non-carriers is still insufficient and requires another methodologicall approach mainly based on a cohort study.

 

Rosana Pellegrini
Tese apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia para obtenção do Título de Mestre.
Salvador, BA, Brasil, 1998
Recebido para publicação em 19/2/99.