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KENNETH EUGENE MOTT

DOI: 10.1590/S0037-86821997000500013


Senhor Editor:

 

Escrevo a Vossa Senhoria para lamentar o falecimento do Dr. Kenneth Eugene Mott, em 14 de junho de 1997, aos 58 anos de idade.

Ken, como nós o chamávamos, era um grande amigo do Brasil onde residiu na Bahia por muitos anos, e onde completou seu curso de Medicina na Universidade Federal. Também formou-se pela Cornell University Medical School e fez o mestrado em Medicina Tropical na Havard School of Tropical Medicine.

Desde o início de sua carreira médica trabalhou em esquistossomose tendo iniciado estudos em áreas endêmicas.

Em 1982, foi indicado como Chefe da Unidade de Esquistossomose do Programa de Doenças Parasitárias da Organização Mundial da Saúde, após ter trabalhado 5 anos como Secretário do “Steering Commitee” para Esquistossomose no Programa do TDR/OMS, em Genebra.

A sua experiência adquirida nas áreas endêmicas brasileiras, bem como a sua freqüente participação em Congressos da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (do qual era membro) e o convívio fraterno com muitos pesquisadores brasileiros, seguramente foram fatores importantes na sua destacada atividade na Organização Mundial de Saúde. De fato, foi sob sua orientação que em 1984 um Comité de Peritos pertencentes à OMS, com a presença de 3 cientistas brasileiros, recomendou que se introduzisse o conceito de Controle da Morbidade que passou então a ser a política oficial daquela instituição internacional.

Muitas outras obras importantes foram realizadas por Ken, entre elas um Atlas onde são destacadas as regiões geográficas endêmicas em todo o Mundo, livro sobre moluscicidas extraídos de plantas, manual de controle, cursos de treinamentos, consultorias etc.

Era pessoa segura, tranqüila, amiga, sempre de bom humor, pronto para auxiliar no que fosse possível.

Nomeou 5 Centros de Colaboradores para Pesquisa e Controle da Esquistossomose no Brasil, do total de 24 pertencentes à rede da OMS.

Deixou sua esposa, Ingrid, a quem muito amou, companheira de todas as horas, cuja dedicação a Ken, especialmente nos momentos difíceis do longo padecer nestes últimos 2 anos faz-se merecedora de todos os elogios e admiração.

Vamos sentir muito a falta de um grande amigo e excelente administrador, cuja contribuição ao controle da esquistossomose nas mais diferentes regiões da América, África e Ásia será reconhecida sempre.

Naftale Katz

Recebido para publicação em 31/07/97.