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Avaliação do Programa de Controle da Esquistossomose (PCE/PCDEN) em municípios situados na Bacia do Rio São Francisco, Minas Gerais, Brasil

Maria Fernanda Lima e Costa; Henrique L. Guerra; Fabiano G. Pimenta Junior; Josélia O.A. Firmo; Elizabeth Uchoa

Laboratório de Epidemiologia e Antropologia Médica, Centro de Pesquisas René Rachou, Departamento de Medicina Preventiva e Social, Universidade Federal de Minas Gerais, MG e Fundação Nacional de Saúde, Regional de Minas Gerais (MS/FNS), Belo Horizonte, MG

DOI: 10.1590/S0037-86821996000200004


RESUMO

Foi feita uma avaliação do programa de controle da esquistossomose (PCE/PCDEN) na região da Bacia do Rio São Francisco em Minas Gerais. A área em estudo compreende seis municípios, com 130.000 habitantes e 916 localidades em uma área de 10.722km². As atividades tiveram início em quatro municípios entre 1983 e 1985 e em dois outros em 1987. As principais medidas de controle adotadas foram tratamentos sucessivos com oxamniquine e aplicações de niclosamida em coleções hídricas. A prevalência da infecção pelo Schistosoma mansoni nos primeiros quatro municípios, que inicialmente estava entre 18 e 32%, diminuiu abruplamente após a primeira intervenção (1984/85) e permaneceu em níveis inferiores aos iniciais até a última avaliação realizada (1990/94); tendência semelhante foi observada para a proporção de caramujos infectados. Nestes municípios, a proporção de localidades sem a infecção ou com prevalências inferiores a 5% aumentou em detrimento daquelas com níveis mais altos de prevalência. Nos dois outros municípios, com prevalências iniciais inferiores a 5 %, nãoforam observadas mudanças substanciais nos indicadores endêmicos; a relação custo benefício do programa nos últimos municípios deve ser avaliada e as prioridades redirecionadas para erradicar as áreas focais e prevenir a expansão para áreas indenes. Os autores chamam a atenção para as dificuldades a longo prazo de um programa de controle fundamentado em tratamentos sucessivos. Informações sobre os fatores determinantes da infecção pelo S. mansoni em cada localidade, ou em conjunto de localidades semelhantes, permitiriam a elaboração de medidas complementares ao tratamento mais duradouras e menos dependentes da contínua utilização deste.

Palavras-chaves: Esquistossomose. Controle. Avaliação.


SUMMARY

An evaluation of the control program on schistosomiasis (PCE/PCDEN) was performed in the region of São Francisco river in Minas Gerais. The study area comprises six municipalities, with 130,000 inhabitants and 916 localities situated in an area with 10,722 km² . The activities initiated in 1983-85 in four municipalities and in 1987 in the other two. The main measures of control were repeated treatment with oxamniquine and use of niclosamide. The prevalence of infection by Schistosoma mansoni in the first four municipalities, that was initially around 18 and 32%, dropped abruptly after the first intervention (1983/85) and remained in levels below the initial ones until the last assessment (1990-94); similar trends were observed for the proportion of infected snails. In these municipalities, the proportion of localities without infection or with prevalence below 5 % increased in relation to those with higher prevalence. In the other two municipalities, with initial prevalence below 5%, there were no substantial changes in S. mansoni prevalence or proportion of infected snails; the cost benefit of the program in these municipalities need to be assessed and the priorities redirected to eradicate focal areas and prevent spread to non infected localities. The authors call attention to the difficulties in the long term of a control program based on repeated treatments. Information on factors associated with S. mansoni infection in each locality, or in groups of similar localities, would allow to develop additional measures to treatment that could last longer and be less dependent on the continuous use of chemotherapy.

Key-words: Schistosomiasis. Control. Evaluation.


 

 

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Endereço para correspondência:
Dra. Maria Fernanda Lima e Costa.
Laboratório de Epidemiologia e Antropologia Médica
Centro de Pesquisas René Rachou.
Caixa Postal 1743, 30161- 970 Belo Horizonte, MG.

Recebido para publicação em 16/12/95.

 

 

Trabalho financiado pela Fundação Nacional de Saúde/ CODEPRO/Banco Mundial e pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP).