Home » Volumes » Volume 18 January/March 1985 » Alterações clínico-radiológicas pulmonares pós-tratamento na esquistossomose mansoni aguda e crônica

Alterações clínico-radiológicas pulmonares pós-tratamento na esquistossomose mansoni aguda e crônica

Ênio Roberto Pietra Pedroso; José Roberto Lambertucci; Manoel Otávio da Costa Rocha; Dirceu Bartolomeu Greco; Cid Sérgio Ferreira; Pedro Raso; Davidson Pires de Lima

DOI: 10.1590/S0037-86821985000100006


RESUMO

Em 28,8% dos pacientes com esquistossomose mansoni tratados com oxamniquine ocorrem alterações radiológicas pulmonares caracterizadas por broncopneumonite (41%), pneumonite (35%), abaulamento do arco médio (17%) e congestão pulmonar (7%). As alterações são transitórias, com início até 3 dias após a terapêutica, em 50,7% regredindo em 15 dias, completa e espontaneamente. Predominam na faixa etária entre os 4 aos 12 anos, não dependem, de padrão radiológico pré-tratamento, cor, sexo, naturalidade ou fase/forma da doença. As alterações clínicas associadas às anormalidades radiológicas pós-tratamento são inexpressivas na forma aguda, toxêmica, enquanto na fase crônica surgem como estertores crepitantes e roncos. O encontro de eosinófilos no escarro até o décimo segundo dia após o tratamento correlaciona-se com o encontro de alterações radiológicas pulmonares pós-tratamento independentemente da fase/forma da doença.

Palavras-chave: Esquistossomose. Oxamniquine. Tratamento. Complicações pulmonares.


ABSTRACT

Pulmonary alterations on X-rays werefound in 28.8% of patients with schistosomiasis mansoni infection post-treatment with oxamniquine. They comprised bronchopneumonitis (41%), pneumonitis (35%), prominent medium arc (17%), and pulmonary congestion (7%). These alterations were transitory starting within 3 days after treatment. In 51% of the cases spontaneous, often complete, recovery occurred in 15 days. They were more common in patients, 4 to 12 years of age and did not depend on the pre-treatment radiologic pattern, race, sex, origin norphase of the disease. In the chronic phase of the disease there were clinical manifestations (ronchi and rales) associated with the X-ray alterations, while in the acute, toxemic phase these were absent or mild. The presence of sputum eosinophils up to the 12th day post-treatment had a direct correlation with the appearance of X-ray abnormalities and did not depend on the phase or form of the disease.

Keywords: Schistosomiasis mansoni. Oxamniquine. Treatment. Pulmonary complications.


 

 

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Bina JC. Influência da terapêutica na evolução da esquistossomose mansoni. Tese de Mestrado. Universidade Federal da Bahia, Salvador, 1977.         [ Links ]

2. Cantor H, Boyse EA. Functional subclasses of T lymphocytes bearing different Ly antigens. I – The geration of functionally distinct T cells subclasses as a diferentiative process independent, of antigen. Journal of Experimental Medicine 141: 1376-89, 1975.         [ Links ]

3. Coura JR, Coutinho SG, Moraes HM, Dias LB, Rodrigues NP, Silva JR. Esquistossomose pulmonar. Hospital 63: 31-50, 1963.         [ Links ]

4. Coutinho AB. Objeções à prática do chamado “tratamento específico” da esquistossomose mansoni. In: Esquistossomose mansoni no Brasil (Doença de Manson – Pirajá da Silva). Sociedade de Gastroenterologia e Nutrição de São Paulo, São Paulo, p. 133-137, 1952.         [ Links ]

5. Dixon FJ, Vasquez JJ, Weigle WO, Cochrane GC. Pathogenesis of serum sickness. Archives of Pathology 65: 18-23, 1958.         [ Links ]

6. Gelfand M. Pulmonary schistosomiasis in the early “Katayama” phase of the disease. Journal of Tropical Medicine and Hygiene 69: 143-4, 1966.         [ Links ]

7. Gell PG, Coombs RRA. Clinical aspects of immunology, Blackwell Scientific Publications, Oxford, 1968.         [ Links ]

8. Greco DB. Infecção por Schistosoma mansoni e deposição de imune-complexos no pulmão. Estudo experimental. Tese de Doutorado. Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1980.         [ Links ]

9. Herbut PA, Kinsey FR. Transitory pulmonary infiltrations (Loeffler’s Syndrome) in rabbits. Archives of Pathology 41: 489-502, 1946.         [ Links ]

10. Lambertucci JR. Ensaio terapêutico com a oxamniquine oral na esquistossomose mansoni crônica. Tese de Mestrado. Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1983.         [ Links ]

11. Lambertucci JR, Pedroso ERP, Souza DWC, Lima DP, Neves J, Salazar HM, Marinho RP, Rocha MOC, Coelho PMZ, Costa MFFL, Greco DB. The therapeutic efficacy of oral oxamniquine in the toxemic form of schistosomiasis mansoni: treatment of eleven individuals from two families, and experimental study. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene 29:50-3, 1980.         [ Links ]

12. Lichtenberg F. Studies on granuloma formation. III – Antigen sequestration and destruction in the schistosome pseudotubercle. American Journal of Pathology 45: 75-93, 1964.         [ Links ]

13. Magalhães Filho A. Anatomia patológica da esquistossomose mansoni. In: Esquistossomose mansoni no Brasil (Doença de Manson – Pirajá da Silva), Sociedade de Gastroenterologia e Nutrição de São Paulo, p. 125-132, São Paulo, 1952.         [ Links ]

14. Magalhães Filho A. Patologia da esquistossomose mansônica. Considerações sobre a ação patogênica do verme morto. Anais da Faculdade de Medicina da Universidade do Recife 15: 95-110, 1955.         [ Links ]

15. Marques RJ. A propósito da chamada fase toxêmica da esquistossomose mansônica. Anais da Facuidade de Medicina da Universidade do Recife 2: 243-56, 1957.         [ Links ]

16. Mota-Santos TA, Gazzinelli G, Ramalho-Pinto FJ, Pellegrino J, Silva WD. Immuno depression in mice following Schistosoma mansoni infection. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo 18:246-50, 1976.         [ Links ]

17. Neves J. Estudo clínico da fase pré-postural da esquistossomose mansoni. Revista da Associação Médica de Minas Gerais 16: 1-16, 1965.         [ Links ]

18. Neves J. Mesa redonda sobre CIBA 30644-Ba (Ambilhar). Folha Médica 53: 37-48, 1966.         [ Links ]

19. Neves J, Raso P, Bogliolo L. Classificação clinico- patológica da esquistossomose mansoni. In: IV Congresso Brasileiro de Hepatologia, Resumo, Belo Horizonte, 1975.         [ Links ]

20. Oliveira JL. O tratamento da esquistossomose mansoni no período toxêmico. Tese de Doutorado Faculdade Medicina Universidade Bahia, Salvador, 1957.         [ Links ]

21. Oliveira CA, Zeitune JMR, Chamone DAF, Melo JRC, Salgado JA. Tratamento de casos da esquistossomose mansoni com o hycanthone. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo 13: 202-12, 1971.         [ Links ]

22. Pedroso ERP. Contribuição ao estudo da esquistossomose mansoni humana e experimental. Especial referência às alterações clínico-radiológicas do pulmão após tratamento específico. Pulmão modelo imunopatológico da doença esquistossomótica. Tese de Doutorado. Faculdade Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1982.         [ Links ]

23. Prata A, Machado R. Alterações pulmonares observadas no tratamento antimonial da esquistossomose. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo 2:29-36, 1960.         [ Links ]

24. Raso P, Bogliolo L. Patologia. In: Cunha (ed). A S Esquistossomose mansoni. Cap. 5, p. 77-130. Universidade de São Paulo, São Paulo, 1970.         [ Links ]

25. Raso P, Neves J. Contribuição ao conhecimento da ação dos corticóides na forma toxêmica da esquistossomose mansoni. Anais da Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais 22: 167-80, 1965.         [ Links ]

26. Santiago JM, Ratton JL. Quadro clínico das formas pulmonares. In: Cunha AS (ed) Esquistossomose mansoni. Cap. 6, p. 179-83, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1970.         [ Links ]

27. Sette H. O tratamento da esquistossomose mansoni à luz da patologia hepática. Tese de Doutorado. Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 1953.         [ Links ]

 

 

Recebido para publicação em 16/4/1984.

 

 

Núcleo de Estudos sobre Esquitossomose. Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Financiado parcialmente pelo CNPq e FINEP.
Departamento de Clinica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Av. Alfredo Balena, 190, 30.000, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.