Home » Volumes » Volume 16 July/September 1983 » Correlação sorológica eletrocardiográfica para a doença de Chagas em populações rurais não selecionadas do Rio Grande do Sul

Correlação sorológica eletrocardiográfica para a doença de Chagas em populações rurais não selecionadas do Rio Grande do Sul

Giovanni Baruffa; Alcino Alcantara Filho; José Osimo de Aquino Neto

DOI: 10.1590/S0037-86821983000300002


RESUMO

O trabalho analisa 4.758 correlações sorológicas eletrocardiográficas feitas em populações rurais não selecionadas de 17 municípios da Zona Sul do Rio Grande do Sul. A sorologia baseou-se na reação de fixação de complemento para doença de Chagas e os ECG foram interpretados segundo critérios da American Heart Association. 330 ECG alterados pertenciam aos 803 indivíduos soropositivos (41,1%) e 1.287 aos 3.955 soronegativos (32,5%). O gradiente de 8,5% a favor dos positivos mostrou-se significativo a nível de p < 0,001.
As alterações acompanhadas por diferenças significativas entre positivos e negativos foram justamente aquelas consideradas características de miocardiopatia chagásica (BCRD, HBDAE, extrassistolia ventricular, alterações de ST eTe áreas de necrose e/ou fibrose. Estes fatos permitem concluir que a infecção pelo Trypanosoma cruzi é fator importante de agressão miocárdica numa parcela significativa da população rural da área endêmica de doença de Chagas no Rio Grande do Sul.

Palavras-chave: Doença de Chagas. Sorologia. ECG. População rural. Rio Grande do Sul.


ABSTRACT

This paper analyzes 4,758 serological-electrocardiographic correlations obtained at random in a rural population from 17 countries of the far South of Rio Grande do Sul (Brasil). Sera were examined by the complement fixation test (CFT) for Chagas’ disease and the electrocardiogram (ECG) tracings were interpreted according to the criteria ofthe American Heart Association. Among 803 people with a positive CFT, 330 had an altered ECG (41.1%), among 3,955 with a negative CFT the ECG were altered in 1,287 (32.5%). The 8.5% gradient between positive and negative results, was significant atp< 0,001 level.
The ECG abnormalities more frequently associated with seropositivity were those of ten found in Chagas’ cadiopathy (right branch block, left anterior branch hemiblock, ventricular premature beats, ST and T abnormalities and areas of necrosis and/or fibrosis). The authors conclude that in Rio Grande do Sul (Brasil) Chagas’disease is a very important etiologic factor of myocardial injury among people living in endemic areas.

Keywords: Chagas’ disease. Serology. ECG. Rural areas. Rio Grande do Sul. Brasil.


 

 

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Almeida JO. Reação de fixação pela técnica quantitativa para moléstia de Chagas. Técnica em tubos e técnica em placas. In: Cançado JR (ed) Doença de Chagas. Imprensa Oficial de Minas Gerais, Belo Horizonte, p. 279-314, 1968.         [ Links ]

2. Andrade SC. Caracterização de cepas de Trypanosoma cruzi isoladas no Recôncavo Baiano. Tese. Universidade Federal da Bahia, Salvador, 1973.         [ Links ]

3. Baracchini O, Costa A, Carloni J. Emprego do calor e do metanol no preparo do antígeno de Trypanosoma cruzi. Hospital 68:193-199,1965.         [ Links ]

4. Baruffa G. Contribuição ao conhecimento da forma crônica da doença de Chagas na Zona Sul do Rio Grande do Sul. Revista da Associação Médica do Rio Grande do Sul 18:237-250, 1974.         [ Links ]

5. Baruffa G. Prevalência sorológica da doença de Chagas e correlação sorológica-eletrocardiográfica em populações não selecionadas do Município de Encruzilhada do Sul, Rio Grande do Sul. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 9:95-104, 1975.         [ Links ]

6. Baruffa G, Aquino Neto JO, Alcantara A, Oliveira de Morais JC, Barros FCLF. Manifestações cardíacas e digestivas da doença de Chagas na Zona Sul do Rio Grande do Sul. Revista Goiana de Medicina 16:189-209, 1970.         [ Links ]

7. Baruffa G, Alcantara A. Prevalência sorológica da doença de Chagas na Zona Sul do Rio Grande do Sul (Brasil). Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo 19:117-123,1977.         [ Links ]

8. Brant TC. Matizes regionais da doença de Chagas. Revista Brasileira de Malariologia e Doenças Tropicais 18:3-8,1966.         [ Links ]

9. Brant TC. Razões para nova orientação nas pesquisas sobre doença de Chagas no Estado do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Malariologia e Doenças Tropicais 18:105-112,1966.         [ Links ]

10. Brant TC, Laranja FS, Bustamante FM, Leite Mello A. Dados sorológicos e eletrocardiográfícos obtidos em populações não selecionadas de zonas endêmicas de doença de Chagas no Estado do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Malariologia e Doenças Tropicais 9:141-148,1957.         [ Links ]

11. Brasil A. Evolução e prognóstico da doença de Chagas. Arquivos Brasileiros de Cardiologia 18:365-380, 1965.         [ Links ]

12. Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Epidemiologia da doença de Chagas. Objetivos e metodologia dos estudos longitudinais. Relatório Técnico n? 1, 1974.         [ Links ]

13. Correia Lima FG. Doença de Chagas no município de Oeiras, Piauí; estudo seccional nas localidades de Colonia e Oitis. Tese. Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1976.         [ Links ]

14. Coura JR. Contribuição ao estudo da doença de Chagas no Estado da Guanabara. Revista Brasileira de Malariologia e Doenças Tropicais 18:9-98, 1966.         [ Links ]

15. Coura JR, Annunziato N, Abreu LL, Dubois LG, Correia Lima FG. Gradiente de alterações eletrocardiográficas em grupos de indivíduos com sorologia positiva negativa para infecção chagásica, pareados por idade e sexo. In: Anais do Congresso Internacional sobre Doença de Chagas. Rio de Janeiro p. 42, 1979.         [ Links ]

16. Demografia. Secretaria de Coordenação e Planejamento, Superintendência de Estatística e Informática. Porto Alegre Vol 1,1972.         [ Links ]

17. Dubois L. Morbidade da doença de Chagas. Estudo seccional de uma área endêmica. Tese. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1977.         [ Links ]

18. Faria CAF. Condições de saúde e doença de trabalhadores rurais do município de Luz, MG, com especial atenção à prevalência da moléstia de Chagas. Tese. Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1978.         [ Links ]

19. Laranja RS, Dias E, Nóbrega G, Miranda A. Chagas’ disease. A clinical, epidemiologic and pathologic study. Circulation 14:1035-1060, 1956.         [ Links ]

20. Macêdo VO. Influência da exposição à reinfecção na evolução da doença de Chagas. Revista de Patologia Tropical 5:33-116, 1976.         [ Links ]

21. Macêdo V, Prata A, Rodrigues DA, Silva G, Castilhos Z. Prevalência de alterações eletrocardiográficas em chagásicos (informações preliminares sobre o inquérito eletrocardiográfico nacional). Arquivos Brasileiros de Cardiologia 38:261-264,1982.         [ Links ]

22. Organização Mundial de la Salud. Aspectos clínicos de la enfermedad de Chagas. Boletin de la Oficina Sanitária Panamericana 77:141-158, 1974.         [ Links ]

23. Puigbó JS, Nava Rhode JR, Garcia Barrios H, Suares JA, Gil Yépez C. Clinical and epidemiological study of chronic heart involvement in Chagas’ disease. Bulletin of the World Health Organization 34:655-669, 1966.         [ Links ]

24. Prata A. Natural history of chagasic cardiomiopathy. PAHO Scientific Publication 318:191-193, 1976.         [ Links ]

25. Rosembaum MB, Alvarez AJ. The electrocardiogram in chronic chagasic myocarditis. American Heart Journal 50:492-527, 1955.         [ Links ]

26. Sassen FA, Arnt LC. A doença de Chagas no Rio Grande do Sul. Revista de Medicina do Rio Grande do Sul 15:133-142, 1959.         [ Links ]

 

 

 Endereço para correspondência:
Universidade Católica de Pelotas
Rua Felix da Cunha, 412
96100
Pelotas, RS, Brasil.

 

 

Trabalho do Curso de Medicina da Universidade Católica de Pelotas, Pelotas, Rio Grande do Sul, realizado com o apoio financeiro de AZONASUL, FAPERGS: Projetos “Medicina 180/74 e 180/75” e CNPq PDE 8-004/80.