Home » Volumes » Volume 8 September/Octuber 1974 » Esquistossomose mansônica: a propósito da alta predominância das formas intestinais em uma localidade do Estado de Pernambuco*

Esquistossomose mansônica: a propósito da alta predominância das formas intestinais em uma localidade do Estado de Pernambuco*

Ruy João MarquesI; Dirceu Pessoa CostaII; Mauro W. SiqueiraIII; Geraldo José M. PereiraIV

I Chefe do Departamento de Med. Tropical (F.M.U.F.Pe. ) II Diretor do Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (INERu) IIIProf. Assist. do Dept. de Med. Tropical (F.M.U.F.Pe. ) IV Auxiliar de Ensino do Dept. Med. /Tropical (F.M.U.F.Pe. )

DOI: 10.1590/S0037-86821974000500004


RESUMO

Considerando que a Esquistossomose Mansônica é geralmente considerada doença de mau prognóstico, os Autores lembram que esta noção é fruto do contacto exclusivo, por parte dos médicos, com casos avançados e graves, praticamente os únicos que vêm ter aos hospitais das grandes cidades.

Ressaltando que estágios ou pesquisas em zonas endêmicas dão, aos interessados pelo assunto, uma visão mais exata da morbidade da parasitose, eles reproduzem seus achados em 220 esquistossomóticos de uma localidade (Tiúma) do Município de São Lourenço da Mata, Pernambuco: 90% de formas intestinais (muitas vezes assintomáticas), 7,7% de formas hépato-intestinais e 2,3% de formas hépato-espleno-intestinais. Nenhuma forma descompensada com hematêmese, ascite ou coma hepático foi assinalada.

Aproveitando a circunstância, foram recordadas as possíveis causas determinantes das formas clínicas e da evolução da Esquistossomose Mansônica, acreditando os Autores serem duas as de maior importância : a carga parasitária e as reações imunológicas.


SUMMARY

Although Schistosomiasis mansoni is generally considered as a disease of severe prognosis, the AA attributed this notion to the fact that doctors living in big cities, farway from the endemic regions, are used to see not more than very advanced and serious cases, the only ones which come to their hospitais.

Enphasizing that visíts to or researches on the areas of endemicity give to the doctors a more exact idea of the morbidily of the parasitosis, they present the result of a parasitological and clinicai study performed in a small village (Tiuma) of São Lourenço da Mata, State of Pernambuco, Brazil; 90% of patients with intestinal form (many assymptomatic cases), 7,7% with the hepato-intestinal form, and 2,3% with the hepato-spleno-intestinal form of the disease. No one of the 220 patients had digestive hemorrhage, ascites or hepatic coma during the period of observation.

A review of the possible causes of variations in the evolution of the infection ly Schistosoma mansoni was made. The AA admit that the heaviness of the infection (worm burden) and the immunological conditions of each patient are the most important ones.


 

 

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1  – BARBOSA, F.S. & COELHO, M.V. – Qualidades de vetor dos hospedeiros de S. mansoni no Nordeste do Brasil, I – Susceptibilidade de A. glabratus e T. centimetralis à infestação por S. mansoni. Publ. Avulsas Inst. Aggeu Magalhães III: 55-62, 1954.         [ Links ]

2 – BARBOSA, F.S. & COELHO, M.V. – Alguns aspectos epidemiológicos relacionados com a transmissão da esquistossomose em Pernambuco. Brasil. Publ. Av. do Centro Pesq. Aggeu Magalhães V: 31-47, 1956.         [ Links ]

3 – BARBOSA, F.A.S. – Morbidade na Esquistossomose. Estudo em quatro localidades no Estado de Pernambuco. Tese. Recife, 1965.         [ Links ]

4 – BARROSO, G. – Como evolue a esquistossomose nos marinheiros da M. de Guerra (Resposta). II Simpósio sobre Esquistossomose. Ed. Ministério Marinha, 141-142, Salvador, 1970.         [ Links ]

5 – CECIL, R.L. – Tratado de Medicina(Trad. 7ª ed. ) – 2 tomos. Ed. Guanabara, Rio de Janeiro, 1949.         [ Links ]

6 – CHEEVER, A.W. – Porque uns doentes de Esquistossomose apresentam formas graves e outros não (Resposta). II Simpósio sobre Esquistossomoie. Ed. Ministério Marinha, 98-99, Salvador, 1970.         [ Links ]

7 – CHEEVER, A.W. & POWERS K.G. – Schistosoma mansoni infection in Rhesus monkey: comparison of the course of heavy and light infections –  Bullstin of the World Health Organization (Geneve) XLVI, 3, 301309, 1972.         [ Links ]

8 – COLLEY, DD. , MAGALHÃES F. °, A, & COELHO, B. R. – Immunopathology of Dermal Reactions induced by Schistosoma mansoni cercariae and cercarial extract. Am° J. Trop. Med. Hyg. 21: 5558-568. 1972.         [ Links ]

9 – COOK, J.A. , WOODSTOCK, L & JORDAN, P. – Immunological studies in Schistosoma mansoni infection in St. Lucia. Annals of Tropical Medicine and Parasitology LXVI, 369-374, 1972.         [ Links ]

10 – COSTA, D.P. – Relatório de Plano Piloto – Esquistossomose – Centro de Pesq. Aggeu Magalhães – Recife, 1972.         [ Links ]

11 – COUTINHO ABATH, E. – Esquistossomore mansonica e nutrição. Rev. Bras. Malariol. Doenças Trop. 16: 233-253, abril-junho, 1964.         [ Links ]

12 – COUTINHO ABATH, E. , ESPÍRITO SANTO, M. , BARBOSA, J.M. & MELO, S.A. – Padrão alimentar em áreas endêmicas de E.M. no Nordeste brasileiro. Rev. Bras. Malariol. Doenças Tropicais 16: 555-589, 1964.         [ Links ]

13 – DEWTTT, W.B. – Effects of Schistosoma mansoni infections on the ablity of mice to digeft and absorb dietary fats and proteins. – J. of Parasit, 43: 32, 1957.         [ Links ]

14 – DEWITT, W.B. – Experimental Schistoscmiasis Mansoni in micemaintained on nutritionally deficient diets. I Effects of a Torula, Yeast diet deficient in factor 3, Vitamin E and cystine. J. of Parasit. 43: 119-128, 1957.         [ Links ]

15 – DEWITT, W.B. – Experimental Schistosomiasis mansoni in mice maintained on nutritionally deficient diets. II Survival and development of Schistosoma mansoni in mice maintained on a Torula yeast diet deficient in factor 3, vitamin E and cystine. y. of Parasit, 43: 129-315, 1957.         [ Links ]

16 – DEWITT, W.B. , OLIVER GONZALEZ,J. & MEDINA. E. – Effects of improving the nutrition of malnourisher people infected with Schistosoma mansoni. Am. J. Trop. Med. Hyg. 13: 25-35, 1964.         [ Links ]

17 – FREITAS, C.A. – Estimativa da população esçuistossomótica no Brasil (Respota) II Simpósio sobre Esquistossomose. Ed. Ministério Marinha, 77-78 – Salvador, 1970.         [ Links ]

18- LUCENA, D.T. – Planorbídeos transmissores da Esquistossomose no Nordeste do Brasil. Rev. Bras. Malariol. D. Trop. 15: 13-25, 1963.         [ Links ]

19- MAGALHÃES F. °, A. – Pulmonary lesions in mice experimentally infected with Schistosoma mansoni. Am. J. Trop. Med. Hyg. 7: 527-535, 1959.         [ Links ]

20 – MAGALHÃES F. °, A. – Reações de hipersensibilidade em Macacos Cebus infestados com Schistosoma mansoni. Rev. Inst. Med. Tropical São Paulo, 31: 239-253, 1951.         [ Links ]

21 – MAGALHÃES F. °, A. , KRUPP, I.M. & MALEK, E. Localization of antigen and presence of antibody in tissue of mice infected with Snhistosoma mansoni, as indicated by fluorescent antibody technics. Am. J. Trop. Med. Hyg. , 14: 84-99, 1965.         [ Links ]

22  – MAGALHÃES F. °, A. , E. COELHO, R. & VOSS, H. – Hipersensibilidade mansônica. . Rev. Latino-Americana de Microb. y Parasit. 8: 207-214, Out-Nov. , 1966.         [ Links ]

23 – MANSON-BAHR, P.H. – Syncpsis of Tropical Medicine – Cassell and Company, Ltd, Londres, 1952.         [ Links ]

24 – MARQUES, R.J. – Formas clínicas da Esquistossomose mansônica: condições determinantes. Conferência no XIII Congr. Brasileiro de Gastroenterologia, Recife – Julho, 1961.         [ Links ]

25 – MARQUES, R.J. , LUCENA, D.T. & SARAIVA, A. – Leishmaniose visceral em Pernambuco (a propósito de dois novos casos). J. Bras. Medicina, 11: 139-153, 1963.         [ Links ]

26 – MARQUES, R.J. – Aspectos clínicos da hepatopatia esquistosomódica – II Jornada Nacional de Hepatologia, Recife, 1973.         [ Links ]

27 – PESSOA. S.B. & AMORIM, J.P. – Notas sobre a Esquistossomose Mansônica em algumas localidades de Alagoas. Rev. Br. Med. 14: 6, 1957.         [ Links ]

28 PESSOA, S. & MARTINS, A.V. – Parasitologia Médica – Ed. Guanabara Koogan, 9ª Ed. , 1974.         [ Links ]

29- POWERS. K.G. to CHEEVEH A.W.- Comparison of Geographical strains of Sch. mansoni in the rhesus monkey – Bulletin World Health Organization (Geneve) 43: 295-300, 1972.         [ Links ]

30 – RUAS, A. – Resultados obtidos no seguimento dos doentes com hipert. porta esquistossomótica submetidos à anastomose porto-cava. (Resposta) II Simpório sobre Espuistossomose – Ed. Ministério Marinha, 154-155, Salvador, 1970.         [ Links ]

31 – VON LICHTENBERG, F. – Discussion of the paper by Keneth S. Warren: “pathophysiology and Pathogenesis of Hepato-splenic Schistosomiasis Mansoni” – Symposia in Clinicai Tropical Medicine – Vol. I, 66-71 N.Y. Academy of Medicine, Ed. K. M. Cahill, New York, 1972.         [ Links ]

32 – WARREN, K.S. – The etiology of hepato-splenic schistosomiasis mansoni in mice – Am. J. Trop. Med. Hyg. 10: 870-876, 1961.         [ Links ]

33 – WARREN, K.S. – The contribution of worm burden and host response to the development of hepato-splenic schistosomiasis mansoni in mice. -Am J. Trop. Med. Hyg. 12: 34-39, 1963.         [ Links ]

34 – WARREN, K.S. – The immunopa thogenesis of schistosomiasis: a multidisciplinary approach. – Trans. Roy Soc. Trop. Med. Hyg. ,46: 347-432, 1972.         [ Links ]

35 – WARREN, K.S. – Pathophysiology and Pathogenesis of Hepatosplenic Schistosomiasis Mansoni – Symposia in Clinicai Tropical Medicine, Vol. I, 51-65 – N. Y. Academy of Medicine. Ed. K.M. Cahill, New York, 1972.         [ Links ]

 

 

Recebido para publicação em 15-8-1974.

 

 

* Trabalho realizado no Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (INERu) e no Departamento de Medicina Tropical da F.M.U.F.Pe. – Recife, Brasil.