Sydney SchmidtI; Onofre Pereira MachadoII; Archibaldo Bello GalvãoIII
IProfessor Contratado do Departamento de Medicina Preventiva IIProfessor Assistente do Departamento de Microbiologia IIIProfessor Contratado do Departamento de Parasitologia
RESUMO
Neste trabalho são relatadas pesquisas parasitológicas e epiâemiológicas realizadas numa provável fonte de infecção de Histoplasmose da área rural do D. F. – Brasília, onde 14 pessoas contraíram a doença.
Os estudos clínico, imunológico e radiológico foram anteriormente descritos.
Os autores conseguiram isolar o H. capsulatum do solo da caverna e das vísceras e do sangue de morcegos(Phyllostomus hastatus hastatus, Pallas 1767) que nela habitavam.
Resultaram negativas as tentativas de isolamento do fungo de animais sentinelas (cobaios), assim como não se obteve neles a viragem dos testes intradérmicos com histoplasmina.
Em impressões de vísceras dos morcegos, constataram-se formas semelhantes as do T. gondii que posteriormente foram isoladas, em camundongos jovens, por inoculação de vísceras maceradas e sangue.
Foram encontrados 2 ectoparasitos nos morcegos: Boophilus microplus e um díptero da família Streblidae. O ácaro albergava tripomastigotos do tipo cruzi, não sendo porém conseguido seu isolamento.
No tubo digestivo dos quirópteros, foram retirados nematódeos (Histiostrongylus octaeantus) e cestódeos do gênero Mathevotaenia.
Foram capturados, em torno da entrada da caverna, 2 exemplares de Cercomys cunicularis apereoide não sendo examinados sob o ponto de vista parasitológico.
Testes intradérmicos realizados em 826 habitantes da área resultaram positivos em 184 (22,27%).
A gruta, fonte da infecção, está localizada em uma formação calcárea, pertencente à série Bambuí, acreditando-se, pelos aspectos tectônicos, ser da idade siluriana.
No Brasil, o isolamento de H. capsulatum de solo, guanos de morcegos e vísceras de roedores já tinham sido realizados; contudo, esta foi a primeira vez que se conseguiu isolá-lo do solo de uma caverna, fonte de infecção, e das vísceras e sangue de morcegos.
Os resultados obtidos com os testes intradérmicos com histoplasmina demonstraram a prevalência de histoplasmose na área rural do DF e, conseqüentemente, a possibilidade de ocorrerem outra microepidemia ou aparecimento de casos isolados de histoplasmose-doença.
SUMMARY
Parasitological and epidemiologlcal studies were done in a rural area on histoplasmosis, in Brasilia, D.F. where 14 persons had the disease.
The clinicai, imunological and radiologic studies were reported in a previous paper. The isolation of H. capsulatum from soil of cave, víscera and blood from bats (Phyllostomus hastatus hastatus) were performed. The isolation of fungi from sentinel animais was negative as well the turn-over of intradermic tests of hystoplasmin carried out previously.
Similar forms of T. gondii were observed in “printers” of viscera and subsequent isolation was made by inoculation of viscera macerate and blood, in young mice.
Two ectoparasites were found in bats: Boophilus microplus and one diptera from the family Streblidae. In the acaro were found trypomastigotes; however this forms was not isolated.
Nematodes (Histiostrongylus octacantus) and Cestodes from the Mathevotaenia genus were found in the digestive tract of Chyroptera.
Two specimens from Cercomys cunicularis apereoide were captured near of cave but no parasitological studies were done.
Intradermic test made in 826 peoples in the area gave 184 positives results (22,27%).
The cave where the infection accurred is a calcareous formation Bambui type that seems to be from Silurian period based in tectonics aspects.
The isolation of H. capsulatum from soil of Brazil, guanos, bats and viscera of rodents was done before. However this is the first time that the isolation of H. capsulatum was made from a cave-source of infection from viscera and from blood of bats.
The intradermic tests with hystoplasmin shows the prevalence of hystoplasmosis infection in rural area of Federal District and we point out the possibility of the occurrence of another micro-epidemy and isolated case of hystoplasmosis disease.
Texto completo disponível apenas em PDF.
Full text available only in PDF format.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ALMEIDA, F.; LACAZ, C. S.; MONTEIRO, E. L.; GUSMÃO, H. H.; BRANDÃO, C.; MOURA, R. A. – Alergo-reação Histoplasmática em estudantes de medicina. Rev. Paul. Med., 38: 578-579, 1951. [ Links ]
2. BARBOSA, W. – Blastomicose sul americana; contribuição ao seu estudo no Estado de Goiás. Tese de livre docência para a UFGo, 1968. [ Links ]
3. CAMPINS, H.; ZUBILLAGA, Z. C.; GOMES; LOPEZ, L. & DORANTE, M. – Estúdio de una epidemia de histoplasmosis en el Estado Lara, Venezuela. Gaz. Med. Caracas, 62: 85- 109, 1955. [ Links ]
4. DIERCKS, F. M.; SHACKLETTE, M. 14. H.; KELLEY, H. B.; JR. KLITE, P. D. THOMPSON, S. W. II & KENAN, C. M. – Naturally occuring histoplasmosis among 935 bats collected in Panama and the Canal Zone, July, 1961 – Feb. 1963. Am. J. Trop. Med. Hyg. 14: 1069-1072, 1965. [ Links ]
5. EDWARD, P. Q. & KLAER, J. H. – World wide geographical distribution of histoplasmosis and sensitivity, Am. J. Trop. Med. and Hyg. 15: 359-363, 1952. [ Links ]
6. EMMONS, C. W. – Histoplasmosis in Animais – Transactions of New York – Academy of sciences. Série II, vol. 17 2: 248-254, May, 1949. [ Links ]
7. EMMONS, C. W. – Association of bats with histonlasmosis. Pub. Health Rept. 73: 590-595, 1958. [ Links ]
8. EMMONS, C. W. – Isolation of Histoplasma capsulatum from soil in Washington, D.C. Publ. Healt Rep. (Wash.) 76: 591-596, 1961. [ Links ]
9. EMMONS, C. W.: KLITE, P. D.; BAER, G. M. & HILL. W. B. – Isolation of H. capsulatum from bats in United States. Am. J. Epid., 84: 103-109, 1966. [ Links ]
10. FAVA NETO. C.; SILVA, V. DE A.; 20 CHAMMAS, F. & LACAZ, C. S. – Histoplasmose Epidêmica. Estudo clínico, radiológico, micológico e imunológico de surto ocorrido no Estado de São Paulo, Brasil. Rev. Inst. Med. Trop. São Paulo, 9: 222-232, 1967. [ Links ]
11. KLITE, P. D. and DIERCKS, F. H. – Histoplasma. capsulatum in fecal contents and organs of bats in the Canal Zone. Am. J. Trop. Med. Hyg., 14: 433-439, 1965. 22 [ Links ]
12. KLITE, P. D. – Isolation of H. capsulatum from bats of El Salvador. Am. J. Trop. Med. Hyg., 14: 787- 788, 1965. [ Links ]
13. LACAZ, C. S. – Compêndio de Micologia Médica, pág. 239. Sarvier. Ed. da Un. de São Paulo, 1967. [ Links ]
14. LAZARUS, A. S. & AJELLO, L. – Aislamiento Histoplasma capsulatum dei suelo de una cueva en el Peru. Rev. Med. Exper. (Lima), 9: 5-15, 1955. [ Links ]
15. MARINKELLE, C. J. & GROSE, E. – Histoplasma capsulatum from íiver of a bat in Colombia, Science, 147: 1039, 1965. [ Links ]
16. MONTEMAYOR, L.; HEREDIA OSIO, B. & BELLARD PIETRI, E. P. – Aislamiento dei Histoplasma capsulatum en el suelo de duas cavernas en Venezuela. Rev. Sanid. Assist. Soc. 23, 39-54, 1958. [ Links ]
17. MURRAY, J. F.; LURIE, H. I.; KAIE, J.; KOMINS, G.; BOROK, R. & WAY, M. – Benign pulmonary histoplasmosis (cave disease) in South Africa. S. Afr. Med. F. 31: 245-253, 1957. [ Links ]
18. SCHMIDT, S.; PEREIRA, O. M.; BARBOSA, M. P. & BRENNER, F. G. – Microepidemia de Histoplasmose na zona rural de Brasília-DF. Parte I. Estudos clínico, radiológico e imunológico. Rev. Serv. Nac. Tuberc. in press, 1971. [ Links ]
19. SHACKLETTE, M. H.; DIERCKS, F. H. and GALE, M. B. – Histoplasma capsulatum reccovered from bat rissues. Science, 135: 1135, 1962. [ Links ]
20. SHACKLETTE, M. H.; HASENCLE- VER, H. F. & MIRANDA, E. A. – The natural occurrence of Histoplasma capsulatum in a cave. Ecology aspects. Am. J. Epidemio., 86: 246- 252, 1967. [ Links ]
21. SILVA, M. E. & PAULO, LUIZ A A. – Infecção natural de ratos pelo Histoplasma capsulatum na cidade de Salvador, Bahia, Boi. Fund. Gonçalo Moniz, no 9, Jan., 1956. [ Links ]
22. SILVA, M. E. – Isolamento de Histoplasma capsulatum do solo, em zona endêmica de Calazar na Bahia. Boi. Fund. Gonçalo Moniz no 10, nov. 1956. [ Links ]
23. TESH. R. and MARQUES, R. J. – Histoplasma sensitivity in Brazil. Am. J. Trop. Med. and Hyg. 5: 235-257, 1966. [ Links ]
Recebido para publicação em 20.1.1973.
* Trabalho realizado no Instituto de Patologia Tropical da Universidade Federal de Goiás com auxílio financeiro do Instituto Oswaldo Cruz.
