Joaquim Caetano de Almeida NettoI; Javan Valle de MelloI; William BarbosaII
IProf. Auxiliar de Ensino B — I.P.T — U.F.Go. IIProl'. Titular do Dep. de Medicina Tropical da U.F.Go.
RESUMO
Os autores apresentam estudo sorológico e eletrocardiográfico em 100 indivíduos idosos residentes desde a infância, 95 por cento, ou desde a juventude, 5 por cento, em região endêmica para Doença de Chagas, situados entre a sexta e a décima décadas, pertencendo a maioria, 60 por cento, às sétima e oitava décadas de vida.
A reação de Fixação de Complemento segundo a técnica de FULTON e ALMEIDA foi positiva em 31 por cento da amostra.
A análise geral dos eletrocardiogramas mostrou alterações em 77 por cento dos casos assim distribuídos: alterações de formação do estímulo em 27 por cento; alterações da condução em 27 por cento; alterações primárias da repolarização ventricular em 36 por cento; alterações sugestivas de fibrose ou necrose em 15 por cento; sobrecarga de cavidades em 31 por cento; baixa voltagem do QRS em 6 por cento e outras alterações em 15 por cento.
Comparativamente nos grupos com RFC positiva e negativa foi constatada uma nítida prevalência da alteração da condução do estímulo no primeiro grupo (48,6 por cento e 17,4 por cento, respectivmente).
Não houve diferença nítida na incidência dos demais tipos de alterações nos dois grupos.
O BCRD, principalmente com SAQRS desviado para a esquerda, foi a alteração da condução do estimulo mais freqüente no grupo com RFC positiva seguido pelo BAV de primeiro grau.
A análise dos resultados obtidos é muito sugestiva da presença de cardiopatia chagásica crônica neste grupo etário, fato que ilustraria o caráter de benignidade com que pode evoluir a cardiopatia em pauta.
Por outro lado, a prevalência do BCRD sôbre outras alterações também comuns na cardiopatia chagásica crônica como extrassístoles ventricular, bloqueio aurículo ventriculares do segundo e terceiro graus, ilustra o caráter de benignidade desta alteração quando ocorre isoladamente.
ABSTRACT
The authors present a serologic and electrocardiographic study performed in a group of one hundred people, ali over 60, living since childhood (95%) or youth (5%) in an area endemic for Chagas’ Disease.
The complement fixation test showed a 31% positivity in the group.
The ECG analysis showed an indiferent distribution of alterations between the individuais with reagent and non-reagent complement fixation test, except for the disorders of stimulus conduction which ivere prevalent in the first group (48.6% and 17,4% respectivelly).
The authors concluded that Chagas’ Disease, in its cardiovascular form, was most probably presented in this group of old people, a fact that would illustrate the surprising benignity and the long survival that the studied condition may alloiv. This should be expected specially when patterns of RBBB occur isclatelly in the ECG, for that was the most frequent disorder of stimulus conduction observed in the material considered.
Texto completo disponível apenas em PDF.
Full text available only in PDF format.
BIBLIOGRAFIA
1. BENCHIMOL, A. B. — Doença de Chagas nos grandes centros urbanos. Anais do Congresso Internacional sôbre Doença de Chagas. Rio de Janeiro (5-11), julho de 1959. [ Links ]
2. BRANT, T. CALDEIRA — “Matizes regionais da Doença de Chagas”. Rev. Bras. Malariología e Doenças Tropicais. 8:3-8-1966. [ Links ]
3. COURA, José Rodrigues — Contribuição ao estudo da Doença de Chagas no Estado da Guanabara. Tese à F. M. da U. do Brasil, 1966. Rev. Bras. Malariologia e Doenças Tropicais. XVIII; 1, 1966. [ Links ]
4. LARANJA, F.S.; DIAS, E.; NÓBREGA, G e MIRANDA, A. — “Chagas Disease — A Clinical, Epidemiologic and Pathologic Study”. Circulation – XIV n.° 6, December ,1956. [ Links ]
5. LUCENA, D.T.; GRANVILEE Costa e CORDEIRO, E. — Alterações eletrocardiográficas na Doença de Chagas no Nordeste do Brasil. Rev. Bras. Malariologia e Doenças Tropicais. XV: III: 369-390, 1963. [ Links ]
6. PONDÉ, A. — A cardiopatia crônica na moléstia de Chagas — O Hospital. 68:6. 1960. [ Links ]
7. PORTO, Celmo — Contribuição do eletrocardiograma no prognóstico e evolução da Doença de Chagas. Tese apresentada à F. M. da U. de Minas Gerais, 1963. [ Links ]
8. PRATA, Aloísio — Prognóstico e Complicações da Doença de Chagas. Rev. Goiana de Medicina. 5:87, 1959. [ Links ]
9. RASSI, A. e CARNEIRO, O. — Estudo clínico, eletrocardiográfico e radíológíco da cardiopatia chagásica crônica. Análise de 106 casos. Rev. Goiana de Medicina. 2:287, 1956. [ Links ]
10. RODRIGUES, N.; FERREIRA, E. P.; DIAS, J.C.P. — O eletrocardiograma na Doença de Chagas Crônica — Estudo de 100 casos. Arq. Bras. Card. 19; 3: 215-239, 1966. [ Links ]
11. SALGADO, J.A.; GARCEZ, P.N.; OLIVEIRA, C.A.; GALIZZI, J. — Revisão clínica atual do primeiro caso humano descrito da Doença de Chagas. Rev. Inst. Med. Trop. São Paulo, 4: 430, 1962. [ Links ]
12. SALGADO, João Amílcar; VELOSO, Cid e Elian, ARNALDO ANTONIO — Revisão crítica dos dados que fundamentam o prognóstico e a terapêutica na forma crônica da Doença de Chagas. Arq. Bras. Card. 17, 3:141- 158, 1964. [ Links ]
Recebido para publicação em 29.10.69.
Trabalho do Instituto do Patologia Tropical da U.F.Go., realizado com auxílio financeiro provindo do convênio com o Instituto Oswaldo Cruz, Ministério da Saúde, Brasil.
