Home » Volumes » Volume 4 September/Octuber 1970 » Erisipelóide de Baker-Rosenbach

Erisipelóide de Baker-Rosenbach

Aureo Guimarães de Macedo

Professor Assistente da Disciplina de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da U.P.R.J.

DOI: 10.1590/S0037-86821970000500002


RESUMO

O erisipelóide de Baker-Rosenbach, embora assinalado no Brasil há 23, anos, por Sebastião Sampaio, seguido de nove casos estudados em 1951 por Lacaz e Ancona Lopes, não tem sido motivo de publicações posteriores. O A. teve ocasião de estudar seis casos, senão que três foram motivo de trabalho anterior e foram observados em 1953. Os três restantes, um de 1965 e dois de 1967, são aqui relatados.
Assinala o A. a ubiquidade do germe, o Erysipelotrix rhusiopathiae e a variedade de condições em que o homem pode infectar-se, especialmente no exercício de determinadas profissões, o que dá à doença, caráter típico de doença profissional. São os operários de fábricas de botões ou em geral os que lidam com ossos, especialmente de porco ou carneiro, os açougueiros, magarefes, salsicheiros etc. São particularmente vulneráveis os que tratam com produtos do mar, pescadores, mercadores de siris, camarões, crustáceos, peixes em geral, pela facilidade com que se podem ferir e adquirir a infecção por picada ocasional. A doença atinge numerosos animais domésticos ou não, com formas clínicas bem definidas no porco (erisipela dos porcos), no carneiro (poliartrite dos carneiros), em animais de corte e de tração, em aves domésticas ou de rapina, ratos e camundongos, além de outros numerosos roedores. Moscas hematófagas e outros insetos têm sido encontrados infectados. Nunca é demais frisar que os produtos do mar são grande fonte de infecção humana.
No homem, tem a dcença em geral, caráter benigno e localizado (erisipelóide), podendo em certas circunstâncias assumir característica septicêmica como no porco, produzir endocardite, como no carneiro além de outras formas clínicas e complicações.
São resumidos no texto os três casos anteriormente apresentados e bem descritos os três inéditos, que têm história clínica e evolução típicas de erisipelóide.
Tratando-se de doença com características tipicamente profissional, há que ser considerada como tal, com respeito às dispensas de serviço ou outras implicações previdenciárias, razão porque mais avulta a necessidade de seu diagnóstico exato e bem documentado, tanto mais que determinadas formas clínicas podem levar à morte.
O uso indiscriminado de antibióticos, antes de chegar-se ao diagnóstico, é hábito que deve ser combatido a fim de que se possa melhor avaliar da incidência, em nosso meio.


ABSTRACT

Although cases of Baker-Rosenbach eryripeloid were reported in Brazil 23 years ago by Sebastião Sampaio, followed by nine cases studied in 1951 by Lacas and Ancona Lopes, no other cases have been published after this. The author had occasion to study six cases of which three were studied and published in 1953. The remaining three, one in 1965 and two in 1967, are reported in this paper.
The author reports the ubquity of Erysipelotrix rhusiopathiae and the variety of conditions in which man can infect himself especially according to determinde profissions. This gives the disease the typical character of a professional disease. it affcets the factory ernpleyees who work with buttons or usually handle tones, especially those of pigs or sheep, butchers, skinners, sausage makers. etc. Particularly vulnerable are those who work with the products of the sea: fishermen, handlers of crabs, shrimps, crustaceans and fish in general by the case with which they can hurt ihemselves and aeguire the infection through an occasional wound. The disease may atack numerous domestic and sylvatic animals with well defined clinical forms such as the pig ‘(erysipela of pigs), in the sheep (poliarthritis of sheep), in slaughter animals, in hawling animals, in domestic fow or rapine birds, rats and mice, and other numerous rodents. Hernatophagous flies and other insects have been found infected. It is never too mach to say that the products of the sea are a great source of humen infection.
In man, the disease usually has a light course and is localized (erysipeloid) and in certain circumstances, can assume septicemic characteristics, such as in the pig: it can produce endocarditis as in the sheep, besides other clinical forms and complications.
Sumarized in the text are the three cases presented before and detailed description is given on the three unreported cases which have a clinical history and evolution typical of erysipeloid.
Dealing with a disease which has typical professional characteristis, it should be considered as such with respect to absence from work or other social implications. For this reason its exact diagnosis and documentation is necessary as certain clinical forms can lead to death.
The indiscriminate use of antibioties before coming to a diagnosis is a habit which should be avoided in order that a better evaluation of the incidence can be made.


 

 

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

 

 

BIBLIOGRAFIA

1. — CHEVALIER, P. et BRUMPT, L. — Rev. Path. Comp, et d’Hygiène Génèr. 38, 1267-1287, 1938.         [ Links ]

2. — FIESSINGER, N. et BROUET, G. — Rouset du pors ches l’homme à forme noreine et d’origine digestive. Presse Med. 44: 889, 1534.         [ Links ]

3. — KLAUDER. Y. RIGHTER. L. and HARKINS, M. — A distintive and severe form of erysipeloid among fish handlers. Arch of Dermat. and Siph. 14: 6 662-678, 1926.         [ Links ]

4. — LACAZ, C. S. e LOPES, A. A. — Casos prováveis de Erisipeloide de Rosenbach. Ann. Bras. Derm. Sifilog. 1: 2-22, 1951.         [ Links ]

5. — Mc GINNES and SPINDLER. — Erys. condition among worker in a bone button factory due to the Bacillus of erysipelas, Am. J. of Public Health, 24: 3, 1834.         [ Links ]

6. — MACEDO, A. G. — Rouget humain. Mémoire. Paris. 1953.         [ Links ]

7. — MACEDO. A. G. — Erisipeloide de Baker-Rosenbach. Memória para ingresso na Acad. Bras. Med. Milit., 1964.         [ Links ]

8. — MENZE, H. — Dermat. Woch. 30, 649, 1940.         [ Links ]

9. — MÉRRIEUX, C. — Enquête sur la transmition du Rouget à l’homme. Monog. Buli. de la Soc. de Sciences Vétér. de Lyon. 165-167, 1940.         [ Links ]

10. — PAILLE, R. et BAZIN, O. — Rouget de l’homme. Observation c’un cas de laboratoire. Buli. Méd. Véter. 22, 280, 1949.         [ Links ]

11. — PFAFF, F. — Schweinerotlabakterien als Erreger einer chronischen Hunneersenche, weitschrist fur Infekioshrankleiten der Haustiere, 22: 3-4, 1939.         [ Links ]

12. — SAMPAIO, S. A. P. — Erisipeloide — Considerações sôbre um caso. Rev. Paul. Med. 31: 221, 1947.         [ Links ]

13. — SCHULER — Schwey — Med. Woch. 817, 1935.         [ Links ]

14. — WELLMAN, G. — Die gemeine Stochfliege ( Stomy x caleitrans) als Ubertrager der Rotlaufs. Zentralblatt fur Bakteriologie, 153: 6-7, 1949.         [ Links ]

15. — WELLMAN, G. Zentralblatt fur Bakt. 155: 109, 1950.         [ Links ]

 

 

Recebido para publicação em 8/4/1970.

 

 

Trabalho apresentado ao VI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, P. Alegre, 1970.