Home » Volumes » Volume 1 May/June 1967 » Movimentos migratórios e sua importância na epidemiologia de doenças parasitárias no Brasil

Movimentos migratórios e sua importância na epidemiologia de doenças parasitárias no Brasil

Mauro Pereira Barretto

Professor Catedrático

DOI: 10.1590/S0037-86821967000300003


RESUMO

Depois de analisar, de um modo geral, o problema da grande mobilidade do homem brasileiro, ilustrando com alguns dados o vulto das principais correntes migratórias internas que se verificam em nosso País, o autor discute a influência que êstes deslocamentos humanos têm na epidemiologia de nossas endemias parasitárias. Para isto considera os movimentos migratórios ligados aos seguintes tipos de atividades humanas: 1) deslocamento da fronteira agrícola, quer por expansão de áreas já colonizadas, quer pela instalação de núcleos coloniais com pontos remotos da zona pioneira, criando novas ilhas demográficas nos grandes espaços vazios da população brasileira; 2) cultura itinerante caracterizada pela constante procura de áreas virgens para o plantio, com abandono das áreas velhas já esgotadas; 3) indústria extrativa vegetal e mineral; 4) construção de ferrovias e rodovias de penetração, com estabelecimento e desenvolvimento de núcleos populacionais ao longo delas; 5) construção de Brasília e desenvolvimento do Brasil Centro-Ocidental; 6) mecanização da agricultura e industrialização dos centros urbanos condicionando o êxodo rural.


ABSTRACT

After discussing, in a general way, the problem of the notorious nomadic habits of the Brazilian population, illustrating with some statistical data the proportion of the chief migratory streams observed inside Brazil, the Author analyses the influence of such migrations in the epidemiology of parasitic diseases. For this purpose he considers the migratory movements involved in the following types of human activities: 1) pushing forward the agricultural frontier either by the expansion of sections already settled or by the establishment of new colonial nuclei in remote points of pioneer areas; 2) itinerant or “fire” agriculture caracterized by a constant opening of new clearings in forests and the abandoning of old areas already exhausted by farming; 3) gathering of plant products and prospection of mineral resources; 4) construction of pioneer railroads and high ways, with the establishment of new settlements along their sides; 5) construction of Brazilia and colonization of Central and Western Brazil; 6) rationalization of agriculture and industrialization of urban areas inducing rural-urban migration.


 

 

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

 

 

BIBLIOGRAFIA

1. ALMEIDA, A. TAVARES DE – Oeste Paulista. Rio de Janeiro. Alba Editora. 1943.         [ Links ]

2. ARTIGAS, P. T., COUTINHO, J.O. & REY, L. – Ocorrência de parasitoses intestinais na população operária da cidade Universitária. Arq. Hig. Saúde Púb., 28: 323-329, 1963.         [ Links ]

3. BARRETTO, J. DE BARROS – Malária: doutrina e prática. Rio de Janeiro: Ed. A Noite, 1940.         [ Links ]

4. BAYMA, T. – Moléstia de Chagas. Nota sôbre sua verificação parasitológica no homem em São Paulo. Rev. Med. S. Paulo, 17: 3, 1914.         [ Links ]

5. BAYMA, T. – Moléstia de Chagas (Segunda nota sôbre sua verificação parasitológica no homem, em São Paulo). Ann. Paulista Med. Cir., 2: 57-58, 1914.         [ Links ]

6. CAMARGO, J. F. – Êxodo rural no Brasil. Formas, causas e conseqüências econômicas principais. Rio de Janeiro. Ed. Conquista, 1960.         [ Links ]

7. CARDOSO, F.A. & NAVAJAS, E. – Achado de dois cães naturalmente infectados pélo Trypanosoma cruzi Chagas, 1909, no município de Itaporanga, Estado de São Paulo. Presença na mesma localidade de Triatoma infestans (Klug, 1834) infectado pelo T. cruzi. Rev. Clin. São Paulo, 9: 179-187, 1941.         [ Links ]

8. CARDOSO, F.A., NAVAJAS, L. & SANTOS, J. A. – Dois casos de forma aguda de moléstia de Chagas, encontrados no município de Itaporanga, Estado de São Paulo. Rev. Clin. São Paulo, 10: 50-53, 1941.         [ Links ]

9. CARINI, A. & MACIEL, J. – Existência da moléstia de Chagas no Estado de São Paulo. Ann. Paulista Med. Cir., 2: 75-77, 1914.         [ Links ]

10. CARLI, GILENO DE – Aspectos açucareiros de Pernambuco. Rio de Janeiro, 1940.         [ Links ]

11. CODA, D., FALCI, N. & MENDES, F. A. T. – Contribuição para o estudo da profilaxia da esquistossomose mansônica no Estado de São Paulo, Rev. Inst. Adolfo Lutz, 19: 25-68, 1959.         [ Links ]

12. COSTA, D. – As endemias rurais na Bacia do Rio Paraíba do Sul. Rev. Brasil. Mal. D. Trop. 15: 663-671, .. 1963.         [ Links ]

13. COURA, J. R. – O problema da doença de Chagas nos grandes centros urbanos. III Cong. Soc. Brasil. Med. Trop. Resumo de Trabalhos, p. 28-32, 1967.         [ Links ]

14. COUTINHO, J. O. – Dados epidemiológicos sôbre a doença de Chagas em uma zona restrita do Estado de São Paulo. Rev. Inst. Adolfo Lutz 1: 381-388, 1941.         [ Links ]

15. COUTINHO, J. O. – Contribuição para o estudo da epidemiologia da amebíase. Tese de Concurso à Cátedra. Faculdade de Higiene e Saúde Pública. São Paulo: Ed. Graf Piratininga Ltda., 1959.         [ Links ]

16. COUTINHO, J.O. & PESSÔA, S.B. – Sôbre um foco autóctone de esquistossomose mansônica em Jacarèzinho (Norte do Estado do Paraná). Hospital, 35: 531-542, 1949.         [ Links ]

17. CRESPO, V.M., VERANO, O.T. & BARBOSA, J. A. – Esquistossomose em- áreas do Distrito Federal. Nota prévia. Rev. Brasil. Mal. D. Trop., 17: 367-369, 1965.         [ Links ]

18. FORATTINI, O. P. – Algumas observações sôbre a biologia de flebótomos (Diptera, Psychdodidae) em região da Bacia do Rio Paraná (Brasil) . Arq. Fac. Hig. Saúde Públ. São Paulo, .. 8: 15-136, 1954.         [ Links ]

19. FORATTINI, O.P. (1960) . Sôbre os reservatórios naturais da leishmaniose tegumentar americana. Rev. Inst. Med. Trop. São Paulo, 2: 195-203, 1960.         [ Links ]

20. FORATTINI, O.P., JUAREZ, E., BERNARDI, L. & DANER, C. – Leishmaniose tegumentar no Território do Amapá, Brasil. Rev. Inst. Med. Trop., 1: 11-17, 1959.         [ Links ]

21. FREITAS, OCTAVIO DE – Doenças africanas no Brasil. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1935.         [ Links ]

22. FREYRE, GILBERTO – Nordeste. Rio de Janeiro: Livraria José Olímpio, 1937.         [ Links ]

23. GOMES, J. FLORÊNCIO – Triatomas e moléstia de Chagas no Estado de São Paulo. 1.° Congr. Med. Paulista, 2: 193-214, 1917.         [ Links ]

24. LEITÃO, SILVIO PÉLICO – Problemas médico-sociais da lavoura canavieira. Rev. Brasil. Med. Públ., …. 2: 45-57, 1946.         [ Links ]

25. LIMA, E. C. – Esquistossomose mansoni no Estado do Paraná. Bol. Univ. Paraná. Monografia n.° 1, 255 pgs., 1965.         [ Links ]

26. LOBATO, MONTEIRO – A velha praga. Urupês. São Paulo: Editora Brasiliense Ltda., 1947.         [ Links ]

27. LOBATO, MONTEIRO – A onda verde. São Paulo: Editora Brasiliense Ltda., 1946.         [ Links ]

28. LOBO, A.G.S., LUZ, E. & CONSOLIN, J. – Novos focos de esquistossomose mansônica no Estado do Paraná. Rev. Brasil. Mal. D. Trop., 6: 555-565, 1954.         [ Links ]

29. MEYER, CARLOS L. – Relatório sôbre a administração e os trabalhos do Instituto Bacteriológico durante o ano de 1914. São Paulo: Typ. Diário Offlcial, 1915.         [ Links ]

30. MONBEIG, PIERRE – Ensaios de geografia humana brasileira. São Paulo. Livr. Martins Editôra, 1940.         [ Links ]

31. MOOG, VIANA – O ciclo do ouro negro. Pôrto Alegre. Livr. Globo, 1936.         [ Links ]

32. NEIVA, A. – Informações sôbre a biologia da vinchuca Triatoma infestans Klug. Mem. Inst. O. Cruz., …. 5: 24-31, 1913.         [ Links ]

33. NEIVA, ARTHUR HEHL – Aspectos geográficos da imigração e colonização do Brasil. Rev. Brasil. Geogr., 9: 249-270, 1947.         [ Links ]

34. PESSOA, S. B. – Grandes endemias. Arq. Hig. Saúde Publ., 13: 5-18, 1948.         [ Links ]

35. PESSOA, S. B. – Problemas brasileiros de higiene rural. São Paulo: Ind. Gráf. José Magalhães Ltda., 1949.         [ Links ]

36. PESSOA, S.B. & BARRETTO, M.P. – Tipo de exploração do solo como fator de incidência de leishmaniose tegumentar americana. Brazil Med.,.. 60: 3-14, 1946.         [ Links ]

37. PESSOA, S.B., LIMA, F.O. & SANTOS, T. A. – Sôbre o encontro de mais sete casos de moléstia de Chagas no Municíptio de Itaporanga (Estado de São Paulo) Rev. Med., 26: 11-20, 1942.         [ Links ]

38. PINHEIRO, ALFREDO – A política imigratória no aspecto médico-racial no Brasil. An. 1.° Congr. Inter-Amer, Med., p. 99-108, 1946.         [ Links ]

39. PINTO, C. & ALMEIDA, A. F. – Um ano de combate às doenças parasitárias que atacam os rodoviários da Estrada Rio-Bahia. Mem. Inst. O. Cruz, 40: 209-340, 1944.         [ Links ]

40. PISO, GUILHERME – História natural do Brasil ilustrada. São Paulo. Cia. Editôra Nacional, 1948.         [ Links ]

41. PRADO, J. F. DE ALMEIDA – Pernambuco e as Capitanias do Norte do Brasil. 4.° tomo. São Paulo. Cia. Editôra Nacional, 1942.         [ Links ]

42. PRADO, JR. CAIO – História econômica do Brasil. São Paulo. Editôra Brasiliense, 1945.         [ Links ]

43. REIS, R. – A batalha da borracha. Rodovia, 7: 40, 1944.         [ Links ]

44. REY, L. AMATO NETO, V. CAMPOS, R. & SILVA L. H. PEREIRA DA – Investigação sôbre um nôvo foco de esquistossomose fm Uraí (Estado do Paraná) Foi. Clin. Biol. 30: 215-230, 1953.         [ Links ]

45. RIBEIRO, I. B. – Doença de Chagas na Colônia Agrícola Nacional de Goiás. Rev. Goiana Med., 1: 83-88, 1956.         [ Links ]

46. RIBEIRO, S.S., BARANSKI M.C., CARVALHO, J. D. & LIMA, È. C. – Contribuição ao estudo da esquistossomose no Paraná. Rev. Dept. Saúde Paraná, 3: 113-117, 1953.         [ Links ]

47. SCHURZ, W.L., HARGIS O.D., MARBUT C. F. & MANIFOLD, C. B. – Rubber production in the Amazon Valley, Washington, 1925.         [ Links ]

48. SIMOENSEN, ROBERTO C. – Recursos econômicos e movimentos das oopulações. Rev. Brasil. Estat., …. 1: 199-223, 1940.         [ Links ]

49. SMITH, T. LYNN – Brazil. Peoole and Institutions. Baton Rouge: Lousiana State University, Press, 1954.         [ Links ]

50. SODRÉ, NELSON WERNECK – Oeste. Rio de Janeiro: Livr. José Olímpio, 1941.         [ Links ] 51.

51. SOUZA, ANTONIETA DE PAULA – Impressões de viagem ao longo do Rio Paraná. Geografia, 2: 95-105, 1936.         [ Links ]

52. SOUZA, G. SOARES DE – Tratado descritivo do Brasil em 1587. São Paulo: Cia. Editôra Nacional, 1938.         [ Links ]

53. TEJO, LIMEIRA – Brejos e carrascais do Nordeste. São Paulo, 1937.         [ Links ]

54. VASCONCELLOS, SIMAO DE – Chronicas da Companhia de Jesus do Estado do Brasil, Lisboa, 1865.         [ Links ]

55. VILLELA, E. – Forma aguda da doença de Chagas. Primeira verificação no Estado de São Paulo. Brazil Med., 32: 65, 1918.         [ Links ]

56. WINSLOW, C. E. A. – The cost of sickness and the price of health. WHO Monographic Series, n.° 7, 106 p., 1951.         [ Links ]

 

 

Trabalho do Departamento de Parasitologia da Faculdade de Farmácia e Odontologia de Ribeirão Prêto, apresentado como tema oficial da Mesa Redonda sôbre Migrações e Problemas de Saúda Pública, 3o Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, Salvador, BA, 2 de fevereiro de 1967.