Letter

Vicente Amato Neto

Laboratório de Parasitologia do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.

DOI: 10.1590/S0037-86822000000300013

Senhor Editor:

Peço a Vossa senhoria a gentileza de divulgar, através da Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, informações sobre o praziquantel no contexto da bacteriemia prolongada por enterobactérias, associada à esquistossomose mansônica.

Essa peculiar condição infecto-patasitária de início suscitava tratamento através de antimicrobianos. Depois, percebeu-se que adequados medicamentos aptos a curar a verminose eliminavam também o componente infeccioso, sendo então admitido que os parasitas carreavam as bactérias. Assim, por exemplo, o niridazol, o etrenol e o oxaniniquine propiciaram expressivos sucessos terapêuticos.

Agora é disponível outro fármaco capaz de debelar a esquistossomose como antiparasitário. Trata-se do praziquantel, que sem dúvida precisa ficar bem situado no âmbito do binômio bacteriemia-esquistossomose. Por isso, julguei conveniente concretizar simples colaboração a respeito do assunto.

Procurei avaliar a atividade do praziquantel em relação a enterobactérias (Salmonella anatum, S. cholerae-suis, S. derby, S. typhi, S. typhimurium e Escherichia coli ATCC 25922). Foram usadas amostras mantidas no Laboratório de Microbiologia do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, de acordo com as seguintes concentrações: 3,12 ¾ 6,75 ¾12,5 ¾ 25 ¾ 50 ¾ 100 ¾ 200 ¾ 400 ¾ 800 ¾ 1600 ¾ 3200mg/l (a partir de 1,0g de praziquantel, em água destilada e álcool). A turvação, nos tubos com o meio de cultivo e o medicamento, não empregado nos controles, foi analisada por meio da escala de McFarland. Como medida capaz de conceder maior fidelidade ao julgamento, a propósito dos tubos com maiores concentrações sucedeu confirmação em placas com meio de cultivo adequado.

Pôde ser verificada total ausência de atividade antibacteriana, pelo menos de acordo como a apreciação teve lugar e os tipos de bactérias participantes.

Diante do exposto, a efetividade do praziquantel no tratamento da situação que estou considerando, caso venha a ocorrer, poderá ficar situada no mesmo tipo de atuação desenvolvida pelos outros antiparasitários que permitiram a obtenção de êxitos.

16 de março de 2000.

Vicente Amato Neto

Laboratório de Parasitologia do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
Recebido para publicação em 24/3/00.