Home » Volumes » Volume 12 January/December 1978 » Alterações ultra-estruturais do hepatocito na forma aguda (toxêmica) da esquistossomose mansoni*

Alterações ultra-estruturais do hepatocito na forma aguda (toxêmica) da esquistossomose mansoni*

Pedro RasoI; Washington Luiz TafuriI; Luigi BoglioloI; Enio Pietra PedrosoII; Jayme NevesI

IProfessores titulares IIAssistente de ensino

DOI: 10.1590/S0037-86821978000100009


RESUMO

Os aa. estudaram as alterações ultra-estruturais do hepatócito na forma aguda, toxêmica, da esquístossomose em sete pacientes, membros de uma mesma família, infectatos em idênticas condições em um córrego existente no município de Sabará (MG) e não tratados especificamente para a esquistossomose. O estudo vem confirmar a nossa assertiva de que, na esquistossomose, não hâ um ataque direto e sistematizado aos hepatócitos e que as lesões destes são secundárias e decorrem, principalmente, das alterações do sistema vascular estromático. Nos sete casos estudados as alterações ultra-estruturais foram inespecfficas, pouco acentuadas e se caracterizaram sobretudo pelas modificações das organelas citoplasmáticas (dilatação das cisternas do reticulo, apagamento das cristas mitocondriais, desacoplamento de ribossomas, acúmulo de glicogênio). Foi freqüente, também, a presença de lisossomosvolumosos, inclusões e corpos residuais nos hepatócitos Estes achados à microscopia eletrônica espelham o comportamento funcional do hepatócito na vigência da forma aguda, toxêmica, da esquistossomose e explicam o freqüente encontro de células claras à microscopia óptica.


ABSTRACT

The authors study the ultrastructural changes within the hepatocyte in the acute (toxemic) form of schistosomiasis. The seven studied patients were all from the same family infected under the same conditions at a creek near Sabara city, state of Minas Gerais, and they did not go under any specific therapy rega rding schistosomiasis. This report confirms our assertive that, there is not a primary and systematical attack directed to hepatocytes and their lesions are subordinated to changes within the stromatic vascular system. The ultrastructural changes found in the seven studied cases were all mild and non-specific and were characterized by citoplasmic organelles changes specially: (dilation of the reticulum’s cisterns, effacement of mitochondrias cristae, ribossomes breakage and glicogen deposits). It was also frequently found, enlarged lisossomes, inclusions and residual bodies within the hepatocytes. Those aspects under electronic microscopy reveal the hepatocyte functional behavior during the acute, toxemic form of schistosomiasis and therefore explain the frequent finding of clear cells on optical microscopy.


 

 

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ASKANAZV, M.: Die durch Schistosomen erzeugte Leberzirrhose und Mil Milzchwellung. Schweiz. Med. Wo chenchrigt, 59: 50-55, 1929.         [ Links ]

2. BOGLIOLO, L.: Sobre o quadro anatômico do fígado na forma hépato-esplênica da esquistossomose mansônica. O Hospital, 45: 283-306, 1954.         [ Links ]

3. BOGLIOLO, L.: Segunda contribuição ao conhecimento do quadro anatômico do fígado na esquistossomose mansônica hépato-esplênica. O Hospital, 45:507-542,1955.         [ Links ]

4. BOGLIOLO, L.: Subsídios para o conhecimento da forma hápato-esplênica e da forma toxêmica da esquistossomose mansônica. Serviço Nacional de Educação Sanitária, Ministério da Saúde, Rio de Janeiro, Brasil, 1958.         [ Links ]

5. BOGLIOLO, L.: LIMA PEREIRA, F. & CHAPADEIRO, E.: (Dados não publicados).         [ Links ]

6. BOGLIOLO, L. & NEVES, J.: Ocorrência da hepatite na forma aguda ou toxêmica da esquistossomose mansoni, antes da maturação dos vermes da postura dos ovos, com algumas considerações sobre a forma aguda ou toxêmica da esquistossomose. Anais Fac. Med. Univ. Minas Gerais, XXII: 47-74, 1965.         [ Links ]

7. COELHO, R. B.: Histopatologia da esquistossomose mansônica natural em Rattus rattus frugivurus. “Publicações avulsas” do Instituto Aggen Magalhães, 2: 61-98, 1953.         [ Links ]

8. COUTINHO, B. A.: Objeções à prática do chamado “tratamento específico” da esquistossomose mansoni. Em: Esquistossomose mansoni no Brasil (Doença de Manson-Pirajá da Silva). Debates prpmovidos pela Sociedade de Gastroenterologia e Nutrição de São Paulo, 27-28 outubro de 1952, São Paulo, pp. 133-142.         [ Links ]

9. GIRGES, R.: Schistosomiasis mansoni. The Lancet, 216: 816-819, 1929.         [ Links ]

10. GIRGES, R.: Pathology os Schistosomiasis Mansoni. The Journ. of Trop. Med. a Hyg., 33:1-7, 1930.         [ Links ]

11. GIRGES, R.: The causation of Egypptian Splenomegaly by male Schistosomiasis Mansoni alone. The Journ. of the Egypt. Med. Ass. 74: 282-311, 1931.         [ Links ]

12. JAFFÉ, R.: La cirrosis hepatica en sus diferentes formas (en especial la cirrosis hepatica bilharziana). Revista de la Policlin. de Caracas, 10 (60): 285-298, 1941.         [ Links ]

13. LETULLE, M. & N ATT AN LARRIER.: Lesions du foie dans la schistosomiasis humaine. Bul. de la Soc. de Path. Exotique, 2 : 538-544, 1909.         [ Links ]

14. PENNA, O. A.: Cirrose hepática parasitária. Jornal dos Clínicos, 16:117-120, 1935.         [ Links ]

15. SUMMERS, Wm. St. C.: Note on a new form of liver cirrhosis due to the presence of the ova of the Bilharzia haematobia. J. of Pathol. and Bact., 9: 237-239,1904.         [ Links ]

 

 

Recebido para publicação em 10.1.1978.

 

 

* Trabalho realizado com o auxilio do-CNPq. Trabalho do Departamento de Anatomia Patologica e Medicina Legal e de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG.