Home » Volumes » Volume 10 March/April 1976 » Hycanthone e oxamniquine no tratamento de crianças portadoras de S. mansoni

Hycanthone e oxamniquine no tratamento de crianças portadoras de S. mansoni

Dra. Maria Zelia Rouquayrol; Y.M. Almeida; E.G. Oliveira; Z.F. Silva; V.A.M. Pinto; J.E. Alencar

Docentes do Departamento de Saúde Comunitária e do Departamento de Patologia do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Ceará

DOI: 10.1590/S0037-86821976000200008


RESUMO

Os autores apresentam resultado de tratamento com Hycanthone e com Oxamniquine efetuado em grupos de 36 crianças de 6 – 15 anos de idade, portadoras de S. mansoni, mais um grupo Controle (não portadores), de igual número perfazendp o total de 108 crianças.
Os grupos eram homogêneos quanto à idade, peso, altura, condições clínicas (forma intestinal moderada) e fatores sócio-econômico-sanitários. Eram todos residentes no perímetro irrigado da Curú-Recuperação, Pentecoste-Ceará, e filhos de funcionários do DNOCS.
Foi efetuado tratamento com Hycanthone (2,3 m/kg a 2,7 mg/kg) mais placebo de Oxamniquine (Grupo A), com Oxamniquine (11,4 mg/kg a 20 mg/kg) mais placebo de Hycanthone (Grupo B) e placebo dos dois medicamentos para o grupo Controle (Grupo C). Foram realizados exames de sangue (hemograma, transaminases e fosfatases alcalinas), sumário de urina e coproscopias (Hoffman, Kato qualitativo e quantitativo). Após tratamento todos os casos ficaram sob observação durante 72 horas e mais seguimento clínico e laboratorial durante 4 meses. Efetuados teste de t e de chi-quadrado todos os resultados são apresentados em tabelas e assim sumariados:
1) Hycanthone mostrou eficácia completa apresentando 100% como índice de cura.
2) Oxamniquine apresentou índice de cura de 80%, sendo que os 7 pacientes não curados tiveram significativa redução do número de ovos viáveis; destes, após o 29 tratamento, persistiram apenas 3 eliminando ovos viáveis.
3) Efeitos colaterais do tratamento com Hycanthone foram os seguintes: dor local, febre, náuseas, vômitos, cefaléia, tontura e sonolência.
4) Oxamniquine quase não afetou as crianças do ponto de vista de efeitos colaterais demonstráveis, tendo apresentado alguns casos com febre moderada e transitória e um caso com queixa de náusea.
5) Testes de função hepática revelaram alterações leves com aumento de TGO tanto no Grupo Hycanthone como no Grupo Oxamniquine (sem diferença estatística significativa, inclusive para o grupo Controle) e aumento discreto de TGPpara ambos os grupos. Não houve aumento significativo das fosfatases para nenhuma das amostras.
6) Dada a dificuldade de empregar, para todas as crianças, a dosagem de 20 mg/kg por se tratar de cápsula não fracionável, sugere-se a forma farmacêutica em xarope na hipótese de que com o acréscimo das doses de Oxamniquine haja significativo aumento do índice de cura. Que essa correção seja efetuada paralelamente a cuidadosos exames complementares a fim de se detectar a toxicidade a esse nível.


ABSTRACT

The authors present their experience in the treatment of children infected with S. mansoni using Hycanthone (2.3 to 2.7 mg/kg body weight) and Oxamniquine capsules (11.4 to 20.0 mg/kg body weight); a control group was given placebo.
Hycanthone cured 100% of the 36 children given the drug; Oxamniquine capsules cured 80% of the 36 children treated and a cure rate of 92% was achieved with a second oxamniquine treatment course. Side-effects were most frequently observed with Hycanthone; no significant tiver test function alterations were detected with both drugs.
The authors suggest the use of oxamniquine syrup for the treatment of children in order to obtain better results with more adequate dosages according to the body weight.


 

 

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. BINA, J.C. & PRATA, A – Hycanthone no tratamento da esquistossomose em uma área rural com baixo índice de transmissão da doença. Gaz. Med. Bahia 70: 127-130, 1970.         [ Links ]

2. CLARKE, V.V.; BLAIR, D.M. & WEBER, M. – Ensaios de Oxamniquine intramuscular nas infecções por S. haematobium e S. mansoni na Rodésia. Rev. Inst. Med. Trop. São Paulo, 15:159-164, 1973.         [ Links ]

3. COURA, J.R.; ARGENTO, C.A.; FIGUEIREDO, W & QUEIROZ, G.C. – Experiência com a Oxamniquine – UK 4271 – no tratamento da esquistossomose mansoni. Rev. Inst. Med. Trop., São Paulo 15: 126-131,1973.         [ Links ]

4. CUNHA, A.S. & CANÇADO, J.R. – Tratamento Clínico. In: CUNHA, A.S. da Esquistossomose mansoni. São Paulo, Editora Univ. S. Paulo, 1970. Cap. 9, p. 327-382.         [ Links ]

5. COUJINHO, A.; DOMINGUES, A.L.C. & BONFIM, J.R.A. – Tratamento da esquistossomose mansonica com Oxamniquine, Rev. Inst. Med. Trop., São Paulo, 15: 104-119, 1973.         [ Links ]

6. KATZ, N. – Novos esquistossomicidas: recentes progressos e necessidades de pesquisa. 16p. mimeografadas. Trabalho apresentado ao XI Congresso da Sociedade de Medicina Tropical, Rio de Janeiro, 1975.         [ Links ]

7. NOLETO, P.A.; NEVES, P.F.; MAGALHÃES, O. & SILVA, J.M. – Esquistossomose: 1000 pacientes tratados. A Folha Médica, 70, supl. esp., 15-18, 197,5.         [ Links ]

8. OLIVEIRA, P.A. – Controle da Esquistossomose em áreas selecionadas do Rio Grande do Norte. A Folha Médica, 70, supl. especial, 1-13,1975.         [ Links ]

9. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE – Comite de Expertos – La lucha contra la esquistosomiasis. Ginebra, OMS, 1973. 52p (Serie de Informes Técnicos no 515).         [ Links ]

10. PRATA, A; FIGUEIREDO, J.F.M.; BRANDT, P.C. & LAURIA, L. – Oxamniquine em dose única intramuscular no tratamento da esquistossomose mansoni. Rev. Inst. Med. Trop. São Paulo, 15: 132-142, 1973.         [ Links ]

11. REES, P. H.; ROBERTS, WOODGER, B.A. & PAMBA, H.O. – Oxamniquine intramuscular no tratamento da esquistossomose mansoni em Quênia. Rev. Inst. Med. Trop. São Paulo, 15:169,1973.         [ Links ]

12. SILVA, L.C. da;SETTE JR, H.; CHAMONE, D.A.F.; ALQUEZAR, A.S. & MONTEIRO, A.A. – Oxamniquine no tratamento da esquistossome mansônica em área não endêmica. Rev. Inst. Med. Trop. São Paulo, 15: 143-147, 1973.         [ Links ]

 

 

Recebido para publicação em 18/2/1976.

 

 

Trabalho realizado sob os auspício do DNOCS e do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Ceará (Convênio PGE-15/75).