Home » Volumes » Volume 1 November/December 1967 » Focos inveterados de peste no Brasil. A propósito de um pequeno surto da doença ocorrido recentemente no município de Nova Friburgo, Estado do Rio de Janeiro

Focos inveterados de peste no Brasil. A propósito de um pequeno surto da doença ocorrido recentemente no município de Nova Friburgo, Estado do Rio de Janeiro

J. Rodrigues CouraI; J. Rodrigues da SilvaII; Zamir de OliveiraIII; Paulo Francisco Almeida LopesIV

IProfessor Regente da Cadeira de Clínica de Doenças Tropicais e Infectuosas da F.M. da Universidade Federal Fluminense e Professor IIAdjunto, Docente-Livre da Cadeira de Clínica de, Doenças Tropicais e Infectuosas da F.M. da U.F.R.J. IIIProfessor Catedrático da Cadeira de Clínica de Doenças Tropicais e Infectuosas da F.M. da U.F.R.J. e Diretor do Instituto Nacional de Endemias Rurais IVChefe do Setor Marítimo, Circunscrição Guanabara do DNERu. Professor Assistente da Cadeira de Clínica de Doenças Tropicais e Infecctuosas da F.M da U.F.R.J.

DOI: 10.1590/S0037-86821967000600002


RESUMO

Estudando uma microepidemia de peste ocorrida recentemente na localidade denominada Barracão dos Mendes, no município de Nova Friburgo, no Estado do Rio de Janeiro, na qual das 8 pessoas acometidas pela doença 2 vieram a falecer, os autores analisam, à luz dos conhecimentos atuais, o problema da persistência dos chamados “focos inveterados” de peste no Brasil, entre os quais situa-se uma área limitada no município fluminense de Teresópolis com a ocorrência de pequenos surtos em 1941, 1952, 1960 e o atual em abril/maio de 1967, na fronteira de Nova Friburgo com aquele município.
Após uma introdução em que fazem um esbôço histórico da penetração da peste no continente sul-americano, de acôrdo com conhecimentos vigentes, relembram a invasão das cidades litorâneas brasileiras pela doença, que depois veio a fixar-se no interior do País, onde se mantem em focos de resistência, com surtos de evolução cíclica. Em seguida estudam minuciosamente do ponto de vista clínico e laboratorial os 6 pacientes sobreviventes da recente micro-epidemia, discutindo a situação atual e as perspectivas futuras de pesquisa e controle dos focos residuais da doença no Brasil.
Finalmente, dando especial ênfase ao problema da persistência, limitação geográpca e aparente autonomia dos diversos focos de peste no Brasil, consideram-nos perfeitamente dentro da concepção dos “focos naturais circunscritos” de Pavlovsky. Entretanto, acreditam os autores que na dependência de condições ecológicas peculiares e de “estímulos” que regulam a movimentação e interrelações das diversas espécies da fauna componente da biocenose regional. possa haver “irradiação adaptativa”, com localização dêsses focos em áreas vizinhas e ocorrência de surtos “salpicados” da doença, aparentemente independentes, porém mantendo-se sempre dentro da mesma área fisiográfica.


ABSTRACT

Under the title “Inveterate foci of plague in Brazil”, the authors describe a recent outbreak of this disease in Nova Friburgo in the border of Teresopolis District (Rio de Janeiro State) where similar outbreaks had occurred in 1941, 1952 and 1960.
After a short review on the situation of plague in Brazil, they stress the problem of chronic foci – apparently isolated and without connection between them – but with unpredict reccurrent outbreaks. Although these foci seem to be circunscribed the authors believe that under pressure or “ecologic stimulus” an “adaptative radiation” to neighbourhood could happen, but always within the same physiographical area.


 

 

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

 

 

BIBLIOGRAFIA

1 – BALTAZARD, M. – Déclin et Destin d’une Maladie: la Peste. Bull. W.H.O,. 23: 247-262, 1960.         [ Links ]

2 – BALTAZARD, M. – Voyage D’Etude pour l’organisation d’un project de recerches sur la peste au Brésil. Relatório enviado ao Instituto Nacional de Endemias Rurais, 1965.         [ Links ]

3 – BALTAZARD, M. & BAHMANYAR, M. – Recherces sur la peste en Inde. Bull. W.H.O., 23: 169-215, 1960.         [ Links ]

4 – BALTAZARD, M. & BAHMANYAR, M. – Recerches sur la peste à Java. Bull. W.H.O., 23: 217-246, 1960.         [ Links ]

5 – BALTAZARD, M. & SEYDIAN – Enquête sur la peste an Moyen – Orient. Bull. W.H.O., 23: 157-167, 1960.         [ Links ]

6 – BALTAZARD, M., BAHMANYAR, M., MOSTACHFI, P., EFTEKHARI, M. & MOFIDI, Ch. – Recherches sur la peste en Iran. Bull. W.H.O., 23: 141-155, 1960.         [ Links ]

7 – BALTAZARD, M., EFTEKHARI, M., CHAMSA, M., KARIMÉ, V. & MOSTACHFI, P. – Sur la resistence à la peste de certaines espèces de rongeurs sauvages. IV. Nature de la resistance. Bull. Soc. Path. Exot. 56: 1194-1201, 1963.         [ Links ]

8 – BALTAZARD, M., KARIMI, Y., EFTEKHARI, M., CHAMSA M. & MOLLARET H.H. – La conservation interepizootique de la peste en foyer invetéré. Hypothèsès de travail: Bull. Soc. path. exot. 56: 1230-1241, 1963.         [ Links ]

9 – BARROS BARRETO, J. & CASTRO, A. !- Aspectos epidemiológicos da peste no Brasil. Mem. Inst. Oswaldo Cruz, 3: 505-527, 1946.         [ Links ]

10 – BRYGOO, E. R. & DODDIN, A. – A propos de la peste tellurique et de la peste de fouissement. Dounées Malgaches. Bull. Soc. Path. Exot. 58: 14-17, 1965.         [ Links ]

11 – DE LA BARRERA, J.M. – Relatório sôbre a peste no Brasil, 1960 (citado na publicação n.° 115 da PAHO, 1965).         [ Links ]

12 – FREITAS, C.A. – Notícias sôbre a peste no nordeste. Rev. Bras. Mal. e Doenças Tropicais, 1: 123-133, 1957.         [ Links ]

13 – GOLDENBERG, M.I. & KARTMAN, L – Role of Soil in the ecology of Pasteurella pestis. Bacteriol. Proc. 54: 1966 (citado por Kartman & cols. (16).         [ Links ]

14 – HEISH. R.B. – Zoonoses as a study in Ecology. Brit. Med. J. 22 Set., 670-673, 1956.         [ Links ]

15 – KARIMI, Y – Conservation naturelle de la peste dans sol. Bull. Soc. Path. Exot. 56: 1183-1186, 1963.         [ Links ]

16 – KARTMAN, L., GOLDBERG, M.I. & HUBBERT, W.T. – Recent Observations on the epidemiology of Plague in the United States. Amer. J. Publ. Health. 56: 1554-79, 1966.         [ Links ]

17 – LOPES RODRIGUES, J.F. – Peste Bubônica no Rio Grande – 1908 (citado por Silva Junior, 1942).         [ Links ]

18 – MACCHIAVELLO, A. – Investigationes sobre peste en el nordeste brasileiro. Boletin de la Oficina Sanitária Panamericana, 5: 441-466, 1941.         [ Links ]

19 – MACCHIAVELLO, A. – Contr.buciones al Estúdio de la peste bubônica en el nordeste dei Brasil. Pan Amemerican Health Organization, Pub. n.° 165, 1941.         [ Links ]

20 – MOLL, A.A. & 0’LEARY, S.B. – Plague in the Américas. Pan American Health Organization, Pub. n.° 225, 1945.         [ Links ]

21 – MOLLARET, H.H. – Conservation experimentale de la peste dans le sol. Bull. Soc. Path. Exot. 56: 1168-1182, 1963.         [ Links ]

22 – MOLLARET, H.H., KARIMI, Y., EFTEKHARI, M. & BALTAZARD, M. – La peste de fouissement. Bull. Soc. Path.. Exot. 56: 1186-1193, 1963.         [ Links ]

23 – OLIVEIRA, Z. – Anais do 5.o Congresso Médico de Teresópolis, 1952.         [ Links ]

24 – Pan American Health Organization – Plague in the Américas. Pub. n.° 115, 1965.         [ Links ]

25- PAVLOVSKY, Y.N. – Human diseases with natural foci. Foreign Languages Publishing House – Moscow.         [ Links ]

26 – POLLITZER, R. – Plague. W.H.O., Monograph Series, P.A.H.O., n.° 22, 1954.         [ Links ]

27 – POLLITZER, R. – A Review of Recent Literature on Plague. Bull. W.H.O., 23: 313-400, 1960.         [ Links ]

28 – SILVA JUNIOR, M. – Peste Bubônica. Ed. Jornal do Comércio. Rio de Janeiro, 1942.         [ Links ]

29 – WU LIEN-TEH, CHUN, J. W. H., POLLITZER, R. & WU, C.Y. – Plague: a manual for medical and public health workers (citado por Pollitzer 1954).         [ Links ]

 

 

Trabalho da Cadeira de Clinica de Doenças Tropicais e Infectuosas da Faculdade de Mediciua da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com -a colaboração do INERU.